A noite da cassação
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 14 de julho de 1977
"Urco", o belo cão policial que guarda a residência do deputado Maurício Fruet, estranhou o movimento impressionante de pessoas que entravam na casa do parlamentar, na noite em que o deputado Alencar Furtado foi cassado, a tal ponto que acabou, inclusive, distribuindo algumas mordidas aos emedebistas que, tão inflamados, esqueceram o animal. "Parecia um velório político", comenta Fruet, a propósito daquela noite de junho, quando, ao saberem da cassação do líder emedebista, centenas de pessoas - alguns até que nem o conheciam pessoalmente, foram procurar Fruet, ansiosos por melhores informações. Os dois telefones de Maurício não pararam de tocar durante horas, com ligações de todo o Estado.
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O ex-deputado Alencar Furtado não tem planos para deixar Brasília antes do final do ano. Uma de suas filhas já estava trabalhando num escritório de advocacia, outro filho, Heitor, seu herdeiro político, está estudando, de forma que a transferência da família, agora, traria problemas. Além do mais, advogado que fez uma sólida carreira no Norte do Estado, em condições também adversas, Alencar acredita que poderá enfrentar os ventos contrários e as nuvens negras o fazer de sua banca na Capital Federal um movimento que lhe permita, no mínimo, sobreviver com dignidade.
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E com a cassação de Furtado, virtual candidato do MDB ao Senado, pelo menos quatro ex- prefeitos oposicionistas viram, novamente, levantar a mosca azul da cadeira no Senado, a ser obtida em eleição direta, contra toda a máquina do governo: José Richa e Dalton Paranaguá, de Londrina, Nivaldo Kruger, de Guarapuava e Silvio Barros, de Maringá. Este último, apesar do desgaste político que o impediu inclusive de fazer o seu sucessor na Prefeitura, nunca escondeu sua ambição de chegar ao Senado. Antes do governo, em eleições diretas nas próxima década.
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