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Aramis

Artigo em 14.07.1977

Algo de muito grava, em termos culturais, está ocorrendo na cidade de Arapongas, Norte do Paraná: o prefeito Antonio Grassano simplesmente trancou a chaves o auditório ao qual um grupo de idealistas da cidade, que insiste em fazer teatro, deu o nome de Oduvaldo Viana Filho, em homenagem ao dramaturgo falecido em julho de 1974. A mãe de Oduvaldo, inclusive, estava sendo esperada nesta semana para a inauguração e devido [à] situação constrangedora, a comissão organizadora da homenagem passou a fazer apelos [às] diversas autoridades, no sentido de evitar o "papelão" nacional, em termos culturais, que a insensibilidade do prefeito está provocando. xxx O assunto já chegou, aliás, às páginas da imprensa nacional. O crítico Yan Michalski fez o registro da arbitrariedade municipal de Arapongas em sua coluna no "Jornal do Brasil", segunda- feira, sob o título de "Alguns Desserviços ao Teatro". xxx Felizmente, acontecem também boas coisas. Por exemplo, o Encontro Nacional de Teatro Infantil, em andamento no Guairinha está possibilitando ao público - em especial o infantil, mas nada impedindo aos adultos interessados em assistir o que de melhor se faz, no momento, em matéria de espetáculos para a nova geração. Terça-feira, pela manhã, a apresentação de "No Mundo Encantado da Música", de Landa Hooke, encantou os presentes. Os intérpretes-músicos - Os Corujinhas, formado pelos cinco irmãos - Castro, Iliada, Alcione, Arlete, Abigail e Brasilia, com idade entre 15/24 anos, formaram o grupo há dois anos, assumindo personagens de grande comunicabilidade: Mestre Coruja, Linka, Guba-Guba, Qui-Sono e Folinha. Dois elepês e um compacto na Chantecler (que infelizmente nunca chegaram às lojas de Curitiba), com músicas destinadas para as crianças. Os Corujinhas têm uma preocupação de fazer um teatro eminentemente musical, conservando os mesmos personagens em todas as peças. O grupo estreou em fins do ano passado, numa curta temporada no Teatro de Arena de São Paulo, com "O Dedão de Quisono", de Iliada de Castro, 21 anos, que além de escritora e atriz, é também a guitarrista do grupo. Este ano, já com uma peça escrita e dirigida por Landa Hooke, Os Corujinhas estão fazendo uma longa temporada no Teatro Anchieta (15 de abril a 28 de agosto), interrompida agora para virem participar do Encontro promovido pelo Guaíra. xxx Hoje, a mostra do bom teatro infantil prossegue com mais duas montagens: "O Palhaço do Planeta Verde", de Hilton Have, com um grupo paulista e às 16 horas, no Passeio Público, Os Contadores de Estórias, do Rio de Janeiro, apresentarão sua nova proposta de entretenimento com "A Fantástica História de Melão City", de Marcos Ribas. xxx A escritora Maria Clara Machado, diretora do grupo Tablado do Rio - e sem dúvida o nome mais importante da dramaturgia infantil, chegou na tarde de terça-feira e à noite, na sessão do seminário que se realiza no miniauditório Glauco Flores de Sá Brito, já participava dos debates. Sábado, seu grupo encerra o Encontro encenando a mais conhecida de suas peças: "Pluft, O Fantasminha", de 1955.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
14/07/1977

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