Observatório
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de outubro de 1980
DEFINITIVAMENTE, os modismos chegam a Curitiba com atraso mas assim mesmo há gente faturando em cima. Depois da época das discotecas, pizzarias, boliches, etc., chegamos aos "rollers". A terceira - ou quarta - pista será inaugurada dia 17, em frente ao Passeio Público. Quatro filhos de milionários Marcos Zanier, Fernando Kastrupo, Fernando Reichmann Filho de Clóvis Zanier, somaram alguns milhões e instalaram o "Patim Passeio", com área de 300 metros quadrados, disposto a dividir com o "Golden Roller", instalado na Avenida das Torres. O público jovem é que está freqüentando este modismo - de fôlego curto mas altos lucros. E o novo grupo vai investir em massa, tendo reservado uma gorda verba para a Equipe Propaganda atrair uma freguesia de alto poder aquisitivo.
SEMPRE que há uma promoção badalativa (e onerosa) como a Feira Nacional do Humor, fala-se muito nos "superstars" convidados (com todas as mordomias que se possa oferecer), nos anfitriões, nas festas e esticadas etílicas e alegres. Mas pouco se fala nas pessoas que realmente trabalham, muitas vezes sem a devida compensação e reconhecimento. Que há meses vem estabelecendo contatos, procurando organizar as coisas (nem sempre das mais organizadas, mas afinal é tudo humor) e conseguir alguns rendimentos afora a oportunidade para alguns de se badalar nacionalmente. Por isto, justo que se lembre - e enalteça - o esforço da secretária-executiva desta promoção, Cristina Simiune, que até agora vem tendo um trabalho anônimo mas eficiente. E se não fosse a sua disposição, por certo o humor faltaria mesmo a alguns convidados.
A peça "Bé"! (auditório Glauco Flores de Sá Brito, 21,30 horas) está tendo muitos problemas de produção. A primeira-intérprete do personagem-título, a veterana Odelair Rodrigues, ficou doente e está no Rio, convalescendo. Foi substituída por Vera Evangelista, uma morena de tento talento quanto irritabilidade que, em poucos dias, atritou-se com o elenco e acabou deixando o papel. Foi substituída pela simpática Carmen Hoffmann, que está retornando de São Paulo, onde por 3 meses integrou o elenco de "Dona Rosita, A Solteira", de Garcia Lorca, na produção de Paulo Goulart. Segunda-feira, Maurício Távora, autor do texto e um dos interpretes, foi hospitalizado. Como o produtor (e ator) Danilo Avelleda acredita na peça, não desistiu: em 2 dias, o diretor Narciso Assunção ensaiou Hugo Duarte e a peça voltou ao cartaz. No elenco está Jane Martins, esposa de Maurício.
O barítono Paulo Fortes, 53 anos, comemorou no domingo, em Curitiba, uma data muito especial: o 25o aniversário de sua estréia profissional, ocorrida a 5 de outubro de 1955, no Municipal do Rio de Janeiro, interpretando "La Traviata". Mas na verdade, Paulo Gomes de Piva Barata Ribeiro Fortes - seu nome completo, desde 1947, já vinha cantando em óperas, embora sem um caráter exclusivamente profissional, pois estudava direito. Foi na ópera de Giusepe Verdi (1813-1901), há 25 anos passados que se definiu, totalmente, por uma difícil carreira. Hoje, já tendo vivido mais de 83 diferentes personagens e cantando em vários países. Paulo ainda admite: "Seria impossível viver no Brasil apenas com o que o canto líricorende". Por isso, aliás, nunca recusou fazer cinema, rádio, televisão ou agora, gravar modinhas e serestas. O primeiro lp com estes gêneros populares, lançado pela WCA em abril último, já vendeu mais de 30 mil cópias, razão para que até final de novembro saia um segundo volume. Segunda-feira às 6 horas da manhã, Paulo e sua esposa, Zilda, já retornavam ao Rio, onde faz agora gravações complementares. Como tem terror de viajar de avião, Paulo veio em seu Passat, recém-tirado da revendedora e dirigido pela esposa, "já que eu nunca quis aprender a dirigir".
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Em papo, muito humorado, Paulo Fortes é grande amigo do cineasta Alberto Pieralise, para quem atuou em "A Cafetina" e "A Filha da Cafetina". Para seu amigo Flávio Migliáccio fez uma ponta em "Maneco, O Super-Tio" e, há 3 anos, interpretou um papel que seria vivido por Orson Welles em "Erasmus Montranu", produção dinamarquesa, que Heinrich Stengrun rodou em Porto Seguro, Bahia. Mas este filme, Paulo nunca chegou a assistir. "Não conheço a Dinamarca e o filme não chegou ao Brasil: só foi rodado em nosso litoral". Em seu segundo lp de modinhas e serestas, Paulo canta 9 clássicos do gênero e lança três novos autores, sendo que em duas faixas ainda entrou como letrista. Na noite de sábado, cantando no Largo da Ordem, acompanhado pelo regional de Janguito do Rosário, Paulo ampliou sua programação: ao invés dos três números previstos, acabou cantando 12 músicas. Com aplausos entusiásticos.
A Umuarama Publicidade é quem vai criar o cartaz para "O quebra-nozes", balé com música de Peter Ilych Tchaikovsky (1840-1893), que o Ballet Guaíra estréia dia 14 de novembro. O cenógrafo e figurinista Arthur Casais, de Lisboa, já está na cidade, trabalhando nos detalhes finais da montagem, com direção de Carlos Trincheiras e que será levado ao Rio e São Paulo, com a participação de dois solistas do Bolshoi. Como aconteceu no ano passado, quando da produção de "O Morcego", opereta de Strauss, o Bamerindus patrocinou a publicidade do espetáculo. Novamente uma presença daquele grupo econômico, através do pagamento da publicidade, ajudará a arte paranaense.
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