Ligadão
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de outubro de 1980
ANTONIO ADOLFO (Maurity Sabóia, Rio, 10/2/1947) merece a classificação de "pai" dos discos alternativos. Embora gravações particulares existam desde que a industria fonográfica começou a funcionar no Brasil, na primeira década do século, coube a este pianista compositor o mérito de sair na batalha pelo seu espaço independente.
Músico experiente, com muita quilometragem de estúdios e discos gravados em várias fábricas - mas numa época em que vivia muito confuso (musical e pessoalmente), Antônio Adolfo, a partir de seu primeiro LP independente ("Feito em Casa", 1977) provou a potencialidade de um mercado que hoje já conta com meia centena de discos financiados pelos seus próprios interpretes e mais outro tanto em fase de preparação, números suficientes para assustar os "tycoons" das multinacionais do setor. "Continuidade" é o quarto LP independente de Antônio Adolfo. E como nos três anteriores, não pode se queixar/ alegar nada: afinal escolheu as músicas todas de sua autoria, convocou (bons) instrumentistas para as sessões e cantou, tocou, arranjou etc., em todas as faixas. Ou seja: um disco "de" autor. Trabalho próprio, sem interferências. Com um bom acabamento técnico (falha de que se ressentem muitos discos alternativos), composições bonitas, inspiradas. Antônio não é cantor e funciona mais como compositor do que letrista. Mas "dizendo" suas letras não chega a comprometer. Mas o preferimos como instrumentista, pianista de recursos, belas harmonias e muita experiência em estúdios. Seu disco merece ser adquirido. Por ser um trabalho honesto e independente. Por ter música agradáveis. Por confirmar as possibilidades do próprio artista autoproduzir-se fonograficamente. Um exemplo que deu certo e fez escola.
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