"Noções Unidas", o riso da realidade brasileira
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de março de 1992
Uma charge de Dante Mendonça na primeira página de O Estado do Paraná vale às vezes por um editorial. As colunas de Millor Fernandes no "Jornal do Brasil" e "Isto É" assustam mais aos políticos do que furiosos editoriais d' "O Estado de São Paulo". O humor sarcástico de Jô Soares - seja na revista "Veja" ou no seu talk show na SBT/TV Iguaçu, conquistam cada vez maiores faixas de audiência. O inesquecível Stanislau Ponte Preta (Sérgio Porto, 1922-1967) transformou-se em sinônimo da melhor política e seu Febeapá (Festival de Besteira Que Assola o País) que criou em 1964, logo após a revolução, permanece mais válido do que nunca. Assim como o humor do inesquecível Barão de Itararé, virou clássico.
O brasileiro é um povo que, apesar de tudo que sofre, gosta de rir. E assim como em cada brasileiro esconde-se tanto um técnico de futebol como um ministro das Finanças com idéias para salvar o país, há também em cada um o seu lado do humorista. Mesmo nos mal humorados ranzinzas.
Jésus Rocha , um mineiro de São Gonçalo do Rio Preto, perto de Diamantina, jornalista "por quase toda a minha vida", é um homem de muito humor. Ao longo dos últimos 15 anos, em vários jornais do país - a começar pelo "Pasquim", "Folha de São Paulo", "Estado de São Paulo", Revista "Ele e Ela", "monitor Mercantil", "Diário de Pernambuco" - entre outras publicações, tem mostrado seu humor ágil, ferino e inteligente.
De foca no "Diário da Tarde" e "Estado de Minas" de Belo Horizonte a "proprietário" de um jornal alternativo - "O Pingente", de uma dissidência d' "O Pasquim", Jésus conhece jornalismo de cima para baixo.
Agora, numa síntese de mais de dez anos de humor, Jésus acaba de publicar "Noções Unidas" (Record, 142 páginas), que após lançamento no Rio de Janeiro pretende levar - "sempre com muito humor" para outras cidades, inclusive Curitiba.
Aderindo à modernidade, substituindo a velha Remington por uma moderníssima teleimpressora, Jésus produz atualmente colunas que tem publicado em vários jornais do país (atualmente negocia com duas publicações no Paraná) ao mesmo tempo que diversifica cada vez mais suas atividades. Ex-letrista nos anos 70 com parceiros ilustres como Carlos Lyra, Cesar Costa Filho, João de Aquino, Antonio Adolfo e outros, Jésus também aderiu à televisão: começou no "Planeta dos Homens"(80), depois integrou a equipe de produção de "Chico Anysio Show" e "Escolinha do Professor Raimundo" e, nos últimos dois anos, escrevia os textos que Chico apresentava no Fantástico.
Quer dizer: há muito, que o Brasil vem rindo com seu humor, mesmo pensando que o mesmo seja somente do hoje marido da ex-ministra Zélia.
Admirador de Stanislau Ponte Preta - para ele uma das maiores presenças que já houve na imprensa brasileira - Jésus escreveu a peça "As Certinhas do Lallau". Posteriormente, fez "A Baby-Sitter" e "Viva a Nova República", esta já com duas montagens simultâneas (Teatro Copacabana, RJ; Teatro Maria Della Costa, SP) e que ficou 4 anos em cartaz. Atualmente, completa uma nova comédia - "Tua Mulher é Tudo Que Eu Tenho".
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