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Depois do vinho, Ítala revela Índia dos Deuses

Gaúcha de Caxias, atriz consagrada, Ítala Nandi é uma mulher iluminada. Desde seus tempos de adolescente sempre foi uma rebelde com causas. Nos anos 60, ainda no Rio Grande do Sul, fez teatro e conheceu Fernando Peixoto, com quem se casaria - juntos viveram algum tempo e viriam para São Paulo, integrando um grupo que revolucionou o teatro brasileiro: o Oficina. Ao lado de Renato Borghi, Esther Góes e, especialmente José Celso Martinez Côrrez, tiveram uma participação intensa na mudança do teatro - e mesmo das artes - no Brasil dos tensos anos 60 - época de contestação, golpe militar, drogas, o paz & amor, de toda uma contrarevolução cultural. O grupo Oficina acabou - como terminam todos os grandes núcleos e intensa criação - mas deixando uma contribuição ainda insuficientemente documentada, apesar de já terem sido publicados livros e desenvolvidas teses a respeito. Ítala Nandi, em sua beleza morena, mulher liberada que pela coragem de defender o amor livre numa entrevista à revista "Realidade", no negro ano de 1968, provocou a apreensão de toda edição da revista que era, na época, carro-chefe da Editora Abril, deixou a Oficina somente quando não sentiu mais condições de ali desenvolver um trabalho no qual acreditava. Mas não parou em sua carreira: fez cinema, montou espetáculos, partiu para experiências mais audaciosas, como a realização de um documentário em que voltou às suas raízes - "In Vino Veritás", sobre a indústria vinícola de Caxias do Sul, que ganhou premiações e foi lançado comercialmente em vídeo selado. No campo pessoal, assumindo amores - após uma relação com o cineasta André Farias (hoje radicado em Curitiba), do que resultou um filho, Giuliano, Ítala continua uma usina de criatividade, no ano passado, chegou a descolar financiamento para desenvolver em Curitiba uma peça reflexiva sobre os anos 60, que teria a participação de vários amigos importantes - inclusive o de seu ex-marido Fernando Peixoto, dramaturgo, ensaísta, ator e diretor dos mais conceituados, um dos maiores conhecedores da vida, obra e estética de Bertolt Brecht. O projeto acabou não saindo, mas Ítala aqui esteve várias vezes - numa delas trazendo o documentário "Índia - O Caminho dos Deuses", resultado de uma viagem de vários meses aquele país, que fez em companhia de seu filho, Giuliano, assistente de produção e do fotógrafo Carlos Castelo Branco. Agora, "Índia - O Caminho dos Deuses" está sendo lançado pela Globo Vídeo, merecendo cuidados promoção da própria Ítala - que neste projeto esteve associada também a Bosco Viegas. Um documentário que mostra um país-continente repleto de misticismo, contrastes, misérias e belezas capturado pelo olhar atento de uma mulher de sua época - politizada ao extremo, defensora de idéias sempre avançadas e que, sinceramente, está sempre na linha da frente do que possa resultar em seu pensamento e ação. Passando já dos 40 anos - mas com uma beleza e juventude extrema - Ítala Nandi encontrou inúmeros pontos de contato entre a sua própria existência e a Índia, conforme descreve num belo texto que está na contracapa deste vídeo que merece ser visto com atenção. ÍNDIA SEGUNDO ÍTALA -"Uma vez, enquanto passeava, Buddha foi confrontado por um demônio que pretendia matá-lo. Sorrindo, disse Buddah: - Você não é um demônio, mas um ser divino! Eu o amo mesmo que você se comporte como um demônio! Escutando expressões tão amorosas, o demônio transformou-se numa pomba e saiu voando. O amor e a firmeza podem mudar o coração até mesmo de um inveterado inimigo. Foi o amor, a determinação que me levaram à Índia, aquela do Touro andi, o veículo sagrado do Deus shiva e a busca das raízes, das origens. Conhecer-me mais para poder mudar; transformar-me de acordo com os novos tempos que não são mais de egotrip, mas de Onipotência do Amor e me preparar para a Humanidade Dourada que já nos envolve com outras palavras-pensamentos-vibrações, no caminho correto da Arte de Viver. O principal resgate desta aventura ao Oriente foi a Alegria (Nandi literalmente quer dizer: Alegria) de Viver e com mais humildade reconhecer os próprios limites e fortalecer a luta pela Verdade e Justiça, ou "Daí a César o que é de César!". Ok, mas se César e seus privilegiados não dividirem corretamente, serão expulsos do tempo. É essa a nova lei nos tempos da Idade do Ouro. "Em Índia, Os Caminhos dos Deuses", mostro e conto as aventuras das deusas, dos Deuses, Gurus e Avatares, sigo por rotas que estão em outra trilha, que não é a do clichê, naquela terra milenar."
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Vídeo/Som
21
08/03/1992

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