Os Goulart, uma família no palco
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 24 de junho de 1987
Quando "A Megera Domada" foi produzida pelo Teatro de Comédia do Paraná há 23 anos passados, dentro das comemorações dos 400 anos do nascimento de William Shakespeare, nada menos que 3 atrizes daquela superprodução dirigida por Cláudio Correa e Castro estavam grávidas: sua então esposa, a curitibana Ileana Kwasinski; Jane Martins, esposa de Maurício Távora e Nicete Bruno, mulher de Paulo Goulart - todos no elenco da comédia que foi o maior êxito da época de ouro do TCP.
As crianças nasceram logo após a temporada encerrar e hoje já são adultos: Elisa, 22 anos filha de Jane e do falecido Maurício Távora (11-6-1937 - 12-6-1986) e Guilherme, filho de Ileana Kwasinski e Cláudio Correa e Castro, não seguiram a carreira teatral.
Dos três, o único até agora a se profissionalizar foi Paulino Goulart, filho de Paulo e Nicete, e que, agora pela primeira vez, estão juntos, em duo, no palco do Teatro Paiol, em São Paulo, com a peça "A-Prévio", de Consuelo de Castro. Coincidentemente, toda a família Goulart está em cartaz em palcos paulistas, em espetáculos diferentes. Barbara Bruno e Paulo Goulart Filho são os irmãos incestuosos em "Poe (Inveja dos Anjos)", de Stephan Yarin (que volta ao Paiol, em horário alternativo) e Beth Goulart está na vanguardista montagem de "Eletra com Creta", de Gerald Thomas (Teatro Anchieta).
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Paulo e Nicete residiram em Curitiba, por mais de dois anos, entre 1962/64, quando no primeiro governo Ney Braga, o então superintendente do Teatro Guaíra (que ainda não era Fundação), Fernando Pessoa Ferreira, criou o Teatro de Comédia do Paraná, inaugurado com "Um Elefante no Caos", comédia de Millor Fernandes. O pai de Paulo Goulart, Afonso Miessa, era diretor da Copel e o casal, então com duas dilhas pequenas, Barbara e Beth, aceitaram participar do projeto de implantar o TCP - que teve seu apogeu quando Otávio Ferreira do Amaral Neto substituiu a Fernando Pessoa Ferreira na superintendência do Guaíra.
Embora deixando Curitiba há 22 anos, Paulo e Nicete conservam os veículos e amizades locais. Tanto é que fizeram questão de vir a cidade, no dia 15 de março último para prestigiar a posse do governador Álvaro Dias.
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O fato de toda a família Goulart estar nos palcos em São Paulo tem merecido materiais nacionais. Afinal, Nicete completa agora 40 anos de carreira, enquanto Paulo faz 35 anos. Casados desde 1954, o casal Paulo e Nicete não deixa transparecer qualquer problema. Sempre estão bem, que levou o diretor Antônio Abujamra a chamar a família de "a abominável família contente". Paulo Goulart disse ao jornalista Carlos Hee, do "Jornal da Tarde", que prefere chamar de "visão positiva da vida", onde até mesmo o negativismo deve ser encarado pelo seu lado positivo. Porém, chama a atenção para não confundir essa postura como uma constante festividade inconseqüente.
- "Como todas as pessoas, nós também temos momentos difíceis, mas não podemos deixar que isso tome conta da gente. Se você não está bem e traz isso para o teatro, vai fazer com que as pessoas que trabalharam com você caiam no negativo e todo o trabalho pode ficar comprometido".
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