A Noite dos Campeões e o filme inédito de Soninha
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 06 de abril de 1989
Apesar da restruturação sofrida em sua linha de lançamentos há sete meses, quando João Araújo, big boss da Som Livre/Sigla, assumiu também o comando da Globo Vídeo, os lançamentos desta distribuidora não eliminaram, totalmente (e felizmente) as produções de qualidade. Embora como o próprio Araújo tenha declarado em entrevista ao "Jornal do Vídeo", não existem mais perspectivas de fazer lançamentos de filmes-de-arte - como produções vindas do bloco socialista ou mesmo obras dignas de Cinematecas, como "Limite" de Mário Peixoto ou os filmes de Sergei Eisenstein - procurando-se títulos de fácil comercialização, há ainda filmes de qualidade que chegam via Globo Vídeo. Por exemplo, em seu último pacote - o que a eficiente Maria Christina, representante local já está sabendo promover - consta um filme inédito, baseado num dos maiores sucessos da temporada teatral dos anos 70 - não só na Broadway mas também no Brasil: "That Championship Season" (no Brasil, "A Noite dos Campeões") levado ao cinema pelo ator-escritor Jason Miller, autor da peça, chega agora, sete anos após o filme ter sido rodado, em vídeo com o título de "O Campeão da Temporada".
Inédito nos cinemas, "That Championship Season" é um texto denso, sobre o reencontro anual de um grupo de craques do basquete dos tempos do ginásio - e que explode no conflito de cada um. Estreando na Broadway em 1972, a peça de Miller ganhou, além do prêmio Pulitzer, o Tony (Oscar do teatro) daquele ano, entre os mesmos prêmios. Em 1973, Jason era indicado para o Oscar de melhor ator coadjuvante por seu papel do padre em "O Exorcista", perdendo, entretanto para o veterano John Houseman ("O homem que eu escolhi/ The Paper Chase"). Miller não fez carreira como diretor, permanecendo nesta única fita, na qual reuniu um ótimo elenco: Bruce Dern, Stacy Keach, Robert Mitchum, Martin Sheen e Paul Sorvino. Com 118 minutos de duração, "O Campeão da Temporada" destina-se basicamente a quem aprecia o teatro filmado - gênero, aliás, que tem no dramaturgo e jornalista Eddy Antônio Franciosi um colecionador feroz, dono já de uma grande videoteca especializada.
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Paul Newman, premiado há dois anos com o Oscar (por "A Cor do Dinheiro", após ter sido preterido em 5 indicações) não é apenas um ótimo ator, mas também um cineasta seguro, como vem mostrando desde 1968, quando fez "Rachel, Rachel" (anteriormente havia filmado uma peça de Checov, o média-metragem "On the Handfullness of Tobacco", nunca exibido no Brasil). Voltado a adaptações teatrais ("O Preço da Solidão", 72; "Caixa de Sombras", 1980), "The Glass Menagerie", 87), Newman se autodirigiu (e a sua esposa, atriz de todos os seus filmes, Joanne Woodward) em "Meu Pai, Eterno Amigo" (Harry And Son, 1984). A história é sobre as relações de um cinqüentão charmoso (Newman) e suas relações com o filho, Howard (Robby Benson), que só pensa em escrever e surfar. As relações ficam difíceis quando Newman fica doente e perde o emprego (trabalha numa demolidora), tornando-se amargo e nem se interessando mais por uma vizinha apaixonada, Lilly (Joanne Woodward). O filme teve um pouco de autobiográfico, pois Newman também tinha problemas de comunicação com seu filho, que morreu de uma overdose num quarto de hotel. Sensível e inteligente, merece ser visto. 117 minutos.
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Os dois filmes estrelados por Sônia Braga após "O Beijo da Mulher Aranha" - o excelente "Rebelião em Milagro", de Robert Redford e a comédia "Luar Sobre Parador", de Paul Mazurski, fracassaram, inexplicavelmente no Brasil. Agora, Herbert Richers lança em vídeo um filme que Sônia fez para a televisão americana, "1.000 Elos - O Preço da Liberdade" (The Man Who Broke a 1.000 Chains"), de Daniel Mann (ex-assistente de Elia Kazam, alguns filmes importantes e nos últimos anos ligado mais à televisão). Uma história interessante: um ex-combatente da II Guerra, Burns (Val Kilmer visto em "Top Secret", Top Gun-Ases Indomáveis" e "Willow, A Terra da Magia") apesar de inocente é condenado a cumprir pena em uma penitenciária na Georgia. Foge e conhece Emily (Sônia Braga), num envolvimento tormentoso. Um filme a ser verificado ao menos pelos fãs de Sônia. Afinal, além de brasileira, ela é bicho do Paraná. De Maringá.
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