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Aramis

A Noite dos Campeões e o filme inédito de Soninha

Apesar da restruturação sofrida em sua linha de lançamentos há sete meses, quando João Araújo, big boss da Som Livre/Sigla, assumiu também o comando da Globo Vídeo, os lançamentos desta distribuidora não eliminaram, totalmente (e felizmente) as produções de qualidade. Embora como o próprio Araújo tenha declarado em entrevista ao "Jornal do Vídeo", não existem mais perspectivas de fazer lançamentos de filmes-de-arte - como produções vindas do bloco socialista ou mesmo obras dignas de Cinematecas, como "Limite" de Mário Peixoto ou os filmes de Sergei Eisenstein - procurando-se títulos de fácil comercialização, há ainda filmes de qualidade que chegam via Globo Vídeo. Por exemplo, em seu último pacote - o que a eficiente Maria Christina, representante local já está sabendo promover - consta um filme inédito, baseado num dos maiores sucessos da temporada teatral dos anos 70 - não só na Broadway mas também no Brasil: "That Championship Season" (no Brasil, "A Noite dos Campeões") levado ao cinema pelo ator-escritor Jason Miller, autor da peça, chega agora, sete anos após o filme ter sido rodado, em vídeo com o título de "O Campeão da Temporada". Inédito nos cinemas, "That Championship Season" é um texto denso, sobre o reencontro anual de um grupo de craques do basquete dos tempos do ginásio - e que explode no conflito de cada um. Estreando na Broadway em 1972, a peça de Miller ganhou, além do prêmio Pulitzer, o Tony (Oscar do teatro) daquele ano, entre os mesmos prêmios. Em 1973, Jason era indicado para o Oscar de melhor ator coadjuvante por seu papel do padre em "O Exorcista", perdendo, entretanto para o veterano John Houseman ("O homem que eu escolhi/ The Paper Chase"). Miller não fez carreira como diretor, permanecendo nesta única fita, na qual reuniu um ótimo elenco: Bruce Dern, Stacy Keach, Robert Mitchum, Martin Sheen e Paul Sorvino. Com 118 minutos de duração, "O Campeão da Temporada" destina-se basicamente a quem aprecia o teatro filmado - gênero, aliás, que tem no dramaturgo e jornalista Eddy Antônio Franciosi um colecionador feroz, dono já de uma grande videoteca especializada. xxx Paul Newman, premiado há dois anos com o Oscar (por "A Cor do Dinheiro", após ter sido preterido em 5 indicações) não é apenas um ótimo ator, mas também um cineasta seguro, como vem mostrando desde 1968, quando fez "Rachel, Rachel" (anteriormente havia filmado uma peça de Checov, o média-metragem "On the Handfullness of Tobacco", nunca exibido no Brasil). Voltado a adaptações teatrais ("O Preço da Solidão", 72; "Caixa de Sombras", 1980), "The Glass Menagerie", 87), Newman se autodirigiu (e a sua esposa, atriz de todos os seus filmes, Joanne Woodward) em "Meu Pai, Eterno Amigo" (Harry And Son, 1984). A história é sobre as relações de um cinqüentão charmoso (Newman) e suas relações com o filho, Howard (Robby Benson), que só pensa em escrever e surfar. As relações ficam difíceis quando Newman fica doente e perde o emprego (trabalha numa demolidora), tornando-se amargo e nem se interessando mais por uma vizinha apaixonada, Lilly (Joanne Woodward). O filme teve um pouco de autobiográfico, pois Newman também tinha problemas de comunicação com seu filho, que morreu de uma overdose num quarto de hotel. Sensível e inteligente, merece ser visto. 117 minutos. xxx Os dois filmes estrelados por Sônia Braga após "O Beijo da Mulher Aranha" - o excelente "Rebelião em Milagro", de Robert Redford e a comédia "Luar Sobre Parador", de Paul Mazurski, fracassaram, inexplicavelmente no Brasil. Agora, Herbert Richers lança em vídeo um filme que Sônia fez para a televisão americana, "1.000 Elos - O Preço da Liberdade" (The Man Who Broke a 1.000 Chains"), de Daniel Mann (ex-assistente de Elia Kazam, alguns filmes importantes e nos últimos anos ligado mais à televisão). Uma história interessante: um ex-combatente da II Guerra, Burns (Val Kilmer visto em "Top Secret", Top Gun-Ases Indomáveis" e "Willow, A Terra da Magia") apesar de inocente é condenado a cumprir pena em uma penitenciária na Georgia. Foge e conhece Emily (Sônia Braga), num envolvimento tormentoso. Um filme a ser verificado ao menos pelos fãs de Sônia. Afinal, além de brasileira, ela é bicho do Paraná. De Maringá.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
8
06/04/1989

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