Zezé, a mãe de Sônia Braga, veio julgar o nosso Carnaval
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de fevereiro de 1989
Pela segunda vez - "e como sempre de surpresa" - a figurinista Zezé Braga (Maria Braga Jaci Campos) acabou participando do júri das Escolas de Samba de Curitiba. Mulher de bom gosto e muita experiência na área de figurinos, "além de carnavalesca em meus verdes anos", dona Zezé já havia julgado o item figurinos no júri oficial do Carnaval 88. Este ano integrou o júri especial do "Estandarte Rádio Independência" - no qual os cinco integrantes (ela, mais Sale Wolokita, João Carlos Lima, Júlio César Amaral de Souza e este repórter) analisaram todos os itens, para um resultado final.
Dona Zezé é mãe de uma brasileira muito famosa - possivelmente hoje a atriz brasileira mais badalada internacionalmente - Sônia Braga.
Mãe coruja, naturalmente, dona Zezé fala com discreção a respeito de Sônia, que está morando há quatro anos nos EUA - atualmente em Los Angeles. Só que dona Zezé ainda não foi visitá-la.
- A gente tem que deixar os filhos com liberdade. Mãe que começa a azucrinar a vida dos filhos sofre o mesmo que mulher que chateia marido: fica sozinha.
Bem humorada, simpática, dona Zezé, paulista de Taquaritinga, 64 anos, recorda os anos em que viveu no Paraná. Casada com Hélio Fernando Ferraz Braga (Ibirá, SP, 1919 - SP, 1959), um dos pioneiros na colonização do Norte do Paraná, seus sete filhos nasceram em cidades diferentes.
- Quando saí de Tupã, estava grávida da Sônia, que nasceu em Maringá, em 8 de junho de 1950. Maringá estava nascendo... Depois a família foi para Campo Mourão e veio para Curitiba. Aqui nasceu Júlio, hoje com 35 anos, também ator. Na família há mais dois artistas: Ana, 33 anos e Hélio, 44, artista plástico.
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Dona Zezé guarda boas recordações de Curitiba. Aqui viveu em vários bairros - no Juvevê, Seminário e "num apartamento, numa rua central cujo nome não me lembro mais". Depois a família foi para São Paulo (aqui viveram entre 1951/54), onde, cinco anos depois faleceria o marido, Hélio Fernando. E onde, nos anos 60, Sônia iniciaria sua carreira que a levaria ao cinema americano - nome hoje tão valorizado, "que ela pode escolher cuidadosamente os papéis para o cinema". Depois de seu grande lançamento em "O Beijo da Mulher Aranha", de Hector Babenco, Sônia fez "Rebelião em Milagro" - incompreendido filme de Robert Redford (fracasso de público em todo mundo, mas belíssimo e politicamente válido) e, filmado no Brasil, em 1988, lançado nos EUA no ano passado, com grande sucesso e agora às vésperas de estrear em grande circuito, "Luar sobre Parador", de Paul Mazursli (até agora, a única exibição no Brasil foi hors concours, no último FestRio).
Durante as filmagens, em Ouro Preto, dona Zezé acompanhou Sônia.
- Gostei do filme. Só que o seu humor é mais voltado para o estilo americano.
Orgulhando-se de ser independente financeiramente - "tenho 64 anos e vivo minha vida, sem depender dos filhos", dona Zezé já morou algum tempo na Europa. Caso Sônia não venha em março ao Rio, talvez viaje a Los Angeles para passar algum tempo com a filha.
- Sônia é muito simples e não gosta de muita gente ao seu redor. Abomina quando se fala em seguranças, secretárias etc. Ela só tem um bom agente e um advogado americano para assessorá-la quando assina os contratos. Isto é necessário.
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Dona Zezé veio a Curitiba passar o Carnaval com a família de seu cunhado, Orlando Braga. Entre suas sobrinhas está Olenka Braga, editora da revista Coro de Cordas, publicação mensal destinada a violonistas e estudantes de instrumentos de cordas.
LEGENDA FOTO - Dona Zezé, mãe da atriz Sônia Braga, jurada no Júri do Estandarte Rádio Independência, entre a Sra. Alge Cardoso e o médico João Carlos Lima, também integrantes do júri. Ao fundo, o coordenador da promoção, Cláudio Ribeiro.
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