Zezé & Simões, o canto brasileiro
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 05 de julho de 1987
Como Alacir de Antonina, a dupla Zezé e Simões acredita na força do canto da terra. Ao longo de uma década, estão cantando as coisas do homem do campo, denunciando injustiças sociais, fazendo pregações ecológicas - mas sem deixar o lado do amor, "pois sem isto, não há razão de viver", explica Zezé, no registro civil Maria José Santos Chagas, mineira de Lambari, 33 anos.
Do encontro com Simões (Joaquim Ribeiro), paulista de Santo Antonio do Pinhal, 34 anos, nasceu uma identidade musical e uma união que resiste a todas as dificuldades. Juntos, a dupla tem cantado Brasil afora, vencido festivais, sem afastar-se de uma linha de fazer música brasileira - que os aproxima de outros bravos símbolos da resistência verde-amarela em nosso cancioneiro - como Elomar Figueira de Mello, Dércio e Dorothy Marques, Carlos Pita, Roze, entre outros.
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Zezé e Simões conheceram-se em São José dos Campos, cidade na qual voltaram a residir há um ano. Zezé, formada em economia, abandonou qualquer possibilidade de fazer carreira nesta área, para dividir a estrada e as canções com Simões. Que, tendo estudado comunicação, chegou a trabalhar como repórter do "Correio de Notícias" e Canal 12, por algum tempo, durante os 7 anos em que residiu em Curitiba.
Mas o que eles fazem, com vigor, é música. E hoje à noite, 21 horas, estarão apresentando uma única vez, no Teatro Universitário, suas novas composições, num espetáculo que merece ser visto.
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A dupla tem muitos projetos - inclusive um meritório "Mutirão de Violeiros", que pode ganhar dimensão estadual. Às próprias custas, já gravaram dois compactos, no primeiro deles com uma moda de viola denunciando os lados negativos da represa de Itaipu. Possuem material para um álbum duplo, mas falta grana. Confiantes e otimistas, estão na estrada. "Nossa hora vai chegar", diz Simões.
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