Zezé Motta uma Superstar
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 19 de maio de 1978
A cantora Zezé Motta, que desde quarta-feira está apresentando-se no Teatro do Paiol, é o exemplo da artista lançada e sustentada em grande planejamento de marketing. Há três anos, quando os Secos & Molhados se desfizeram, Zezé dividiu com Gerson Conrad, justamente o mais calmo dos S&M, um lp que apesar de toda a carga promocional da Sigla/Som Livre, passou desapercebido e acabou sendo tirado de catalogo. O êxito de "Xica da Silva" que deveu muita a explosiva atuação de Zezé Motta, na personagem título, fez com que o astuto André Midani, então passando para a presidência da WEA, visse em Zezé condições de se tornar uma superstar. E o seu primeiro lp-solo, na WEA, lançado há pouco mais de um mês, é uma prova de disco aberto, com musicas de varias tendências, na busca daquela faixa que melhor se identifique e onde, evidentemente, Zezé e seus produtores concentrarão os esforços artistico-comerciais - mesma fórmula que se observa aliás nos discos de Marcello (Odeon) e Zizzi Possi (Philips), também novos nomes em busca de um lugar ao sol. Assim Zezé canta músicas de Rita Lee ("Muito Prazer Zezé"), Luiz Melodia ("Magrelinha", "Dores de Amores" e "O Morro Não Engana"), Caetano Velloso ("Pecado Original"), Morais Moreira ("Criola"), dos badalados John Neschling/ Geraldo Carneiro ("Rita Baiana"), da sambista Lecy Brandão ("Dengue"), de Gilberto Gil ("Babá Alapalá") e regrava ainda "Trocando em Miúdos"(Francisco Hime/ Chico). Enfim: atira em todos os lados, sustentado em bons instrumentistas, bastante liberdade e um bom trabalho promocional. De uma forma ou outra, alguém acaba sempre gostando, mas Zezé Motta deve ganhar ao vivo, no palco - pois é, principalmente, uma cantora visual - e a sua presença na cidade, neste fim de semana, se constitui numa grande atração. No Guaíra, ainda hoje, a chance de ouvir/ver Joyce e Toninho Horta, dois compositores da maior força.
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