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Aramis

Colchas de sucesso

A montagem de discos com fonogramas de diferentes artistas – garimpados entre os sucessos de cada trimestre – é fórmula tão antiga quanto o próprio elepê. Desde que saíram os primeiros longa-durações, no início dos anos 50, as gravadoras sempre viram nisto uma receita certa de fazer discos populares, atingindo aquelas camadas humildes e menos exigentes que desejam perpetuar, num único (e econômico) elepê as canções que sazonalmente são popularizadas por suas audições no rádio, e, a partir dos anos 60, apresentações na televisão. E as etiquetas ligadas às redes de televisão, naturalmente fizeram dos discos-marketing um maná de muita prosperidade. Pela SBT e Globo, associadas as várias etiquetas, saem discos e mais discos com faixas de sucesso. Por exemplo, de um novo pacote da Opus/Columbia, temos em "Esses Intérpretes Maravilhosos e seus Inesquecíveis Sucessos" seleção das mais variadas, que mistura Simone ( "Pequenino Cão"), Fagner ("Conflito"), Rita Lee ( "Mania de Você"), Milton Nascimento ( "Travessia"), Elis Regina ("Me Deixas Louca"), Luiz Melodia ("Juventude Transviada"), Elba Ramalho ("Não Sonho Mais"), Gilberto Gil ("Não Chores Mais"), Chico Buarque ("Quem Te Viu, Quem Te Vê"), etc. Entretanto o veículo mais apropriado para a fórmula de montagem de sucessos tem sido as trilhas sonoras. No mínimo, cada novo folhetim visual rende dois elepês – um com temas nacionais, outro com os internacionais. Antigamente, as músicas eram compostas especialmente para cada personagem – num trabalho mais personalizado. Hoje, ao contrário: o diretor musical seleciona entre centenas de fonogramas que recebe aqueles que acha melhor para a integrarem a trilha. E a inclusão na trilha corresponde a uma Loteria! Significa popularidade, sucesso, milhões. "Livre Prá Voar", por exemplo, em sua parte nacional, escalou entre outros temas, os já sucessos "Recado" ( Meu Namorado) – bonita música que Joanna gravou em seu último elepê; "Ao Que Vai Chegar" de Toquinho, a "Semente de Tudo" de Zé Geraldo – ao lado de bobagens como "Tic Tic Nervoso". Outra fórmula é reunir diferentes faixas ligadas a um tema ou gênero. Assim "Breakdance"(Sigla), com montagem do especialista Sérgio Motta, cuidou de agrupar os supérfluos defensores do já esvaziado movimento break – cujo fôlego não era tão grande quanto muitos imaginaram. Nas diferentes faixas deste elepê-montagem desfilam os grupos D'Bora, Love Bug, "Starskis", Spyder, Divine Sounds, Alex & The City Crew e até uma solitária cantora – Barbara Mason.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
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27/01/1985

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