Uma montagem com sucessos de Elis
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 25 de janeiro de 1986
Uma das dificuldades do colecionador neófito, interessado em reunir os discos do artista que admira, está, justamente, na confusão provocada por sucessivas reedições e, principalmente, montagens de faixas extraídas de diferentes discos. De Billie Holiday (1915-1959) a Maysa Monjardim (1936-1977) são centenas as grandes intérpretes que, especialmente após terem morrido, são periodicamente reeditadas não em suas gravações originais, mas na montagem com seus maiores êxitos. Elis Regina (1945-1981) é o exemplo mais recente de artista que tem sua produção fonográfica recondicionada à exaustão. Após a remixagem de fitas de show que deixou inéditas, há também os constantes álbuns com as gravações mais populares que a inesquecível "Pimentinha" fez. O exemplo disso está em "A Bossa Maior de Elis Regina", seleção de 14 hits feita por Roberto Menescal, diretor artístico da Polygram, para um lançamento da Elenco/Opus, etiqueta ligada ao grupo Som Livre. Pelo menos, neste caso, houve um bom gosto e equilíbrio na seleção, com a junção de criações que realmente foram imortalizadas por Elis, em sua melhor fase na Polygram: "Vou Deitar e Rolar", "Águas de Março", "Madalena", "O Mestre-sala dos Mares", "Me Deixa em Paz", "Ladeira da Preguiça", "Falei e Disse", "Fechado Pra Balanço" e tantos outros. Para quem está curto de grana e deseja ter ao menos uma síntese dos limelights de Elis, eis uma indicação certa. Quem acompanhou sua carreira e possui os álbuns da Polygram, pode economizar pois trata-se de uma edição dispensável.
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"Violão e Voz", a bela música do curitibano Heitor Valente em parceria com seu cunhado, o cantor Prentice - que a defendeu na eliminatória de "Festival dos Festivais", em Porto Alegre, ganhou uma boa catituagem nacional ao ser incluída na trilha sonora da telenovela "De Quina Pra Lua". Originalmente a gravação havia sido lançada pela RCA, da qual Prentice é contratado. Aliás, a trilha dessa telenovela de Alcides Nogueira foi das mais felizes, com presenças como as de João Bosco (na faixa título), Tadeu Mathias ("Sentimento Blues"), Diana Pequeno ("Haja Coração") e até do hoje extinto grupo Viva Voz ("A Sorte Grande"). Ah! também entrou o "Coral Século XX", com a participação especial de Zé Ramalho em uma versão de "Sinner Man", além dos bem humorados integrantes do Joelho de Porco ("O Grande Silva"). Na trilha internacional da mesma novela, Sérgio Motta selecionou desde o ecólogo John Denver ("Don't Close Your Eyes, Tonight") e os bossa-novistas ingleses Style Council ("Everything to Lose"), até grupos como Klymaxx ("I Miss You"), Heart ("Never") e o Alphaville ("Forever Young").
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Sua formação poderia lembrar até Bob Dylan, pela temática de canções com raízes no country, mas a presença de instrumentos elétricos e os vocais fazem-no identificar-se com correntes mais atuais do rock. Ele é John Cougar Mellencamp, que a Polygram traz no lp "Scarecrow", com várias participações especiais - incluindo a cantora Rickie Lee Jones ("Between a Laugh and a Tear"). Todas as composições são de Mellencamp, com letras bem estruturadas.
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A mesma Polygram, através de seus diferentes selos internacionais, trouxe outros lançamentos no final de 1985. A dupla Renê (Moore) e Angela (Winbush) ("Street Called Desire"), com músicas próprias. Um estilo incrementado, bem jovem. Já o conjunto ABC, em "How to be a Zillionaire", vem com uma coleção de 10 novas músicas, todas de Martin Fry e Mark White, também produtores deste lp gravado em Londres.
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Cazuza (Agenor de Miranda Araújo Neto), 27 anos, é o exemplo do produto artístico de um meio. Filho de um dos tycoons da indústria fonográfica, João Araújo - diretor da Som Livre; e de uma cantora, Lucinha, que já fez um bom disco romântico, esse garotão cresceu em berço de ouro, ouvindo samba, Bossa Nova, tropicalismo misturado a todas as correntes do rock. Sua tendência seria desembocar no rock dos anos 80, o que aconteceu com o grupo Barão Vermelho e uma parceria com Frejat. No ano passado, suficientemente conhecido e promovido, partiu para uma carreira solo (lp "Exagerado", Som Livre), com novos parceiros - entre integrantes de outros grupos, como Leoni, do Kid Abelha e Lobão, este em "Mal Nenhum". A exemplo de Lobão, Cazuza é de uma irreverência total e justificando como uma homenagem a Jack Kerouac, da geração beat, fez uma canção ("Só as Mães São Felizes") que acabou sendo proibida pela censura, pela audácia da letra.
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