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Aramis

Reabertura do Paiol com talento da casa

O convite de Peter Hahn, diretor do vanguardista Am Turmn, para a cantora Cyda Moreira fazer uma temporada naquele teatro de Frankfurt, Alemanha Ocidental, alterou, de certa forma, a programação do Teatro do Paiol. Em longo telefonema a Marinho Galera, coordenador de programação musical da Fundação Cultural, Cyda desculpou-se de não poder vir abrir a temporada de 1985, que começa no próximo dia 16. Afinal, a chance de cantar num templo da arte não convencional, numa das maiores cidades da Europa, possivelmente seguida de excursão a outros países, é oportunidade que ninguém pode jogar fora. E Cyda - paulista de nascimento, mas que morou muitos anos em Londrina - estará nessa temporada, com outro londrinense, o também vanguardista Arrigo Barnabé. xxx O Teatro Am Turmn é um endereço riscado das agendas dos artistas convencionais. Seu diretor, Peter Hahn, veio ao Brasil para escolher, pessoalmente, o que houvesse de mais vanguardista a fim de levar para a temporada de 1985. E acabou escolhendo Barnabé e Cyda, que, até agora, somente tinham se cruzado num trabalho musical: a trilha sonora que Barnabé fez para "A Estrela Nua", novo filme de Ícaro Martins e José Antônio Garcia (que concorreram no Festival de Cinema de Gramado, no final do mês), do qual Cyda é atriz, interpretando uma atendente de sauna gay. Arrigo, que, depois de "Clara Crocodilo" (seu ousado trabalho inovador de 1980/81), passou algum tempo estudando, voltou, no ano passado, com "Tubarões Voadores", e, do grupo musical que o tem acompanhado nos shows, levará à Alemanha o tecladista Bozo Barretti, o baterista Duda Neves e o baixista Geraldo Vieira. Aliás, será a segunda vez que Arrigo vai àquele país: há dois anos teve uma polêmica participação no Festival de Jazz de Berlim. Muita gente gostou do que ele apresentou; outros, com razão, acharam que nada tinha de jazz, apesar da validade de suas propostas musicais. xxx O cancelamento da temporada de Cyda Moreira fez com que Marinho Gallera antecipasse a montagem de um espetáculo reunindo artistas paranaenses de diversas tendências para a reabertura do Paiol. Assim, "mais como uma confraternização, uma festa, do que um show propriamente dito" - explica - de 16 a 18 de março, no Paiol estarão desde a sempre admirável Nhá Gabriela (Julia Graciano) e seu filho, o acordeonista Ivan Graciano, até o demolidor Paulo Leminski, mostrando que além de tradutor de John Lennon ("Um Atrapalhado do Trabalho", recém-lançado pela Brasiliense, o colocou novamente em evidência) é também compositor e, pasmem, cantor! O próprio Marinho e seu eterno parceiro, Paulo César Bottas, a suave Rosy Greca (Com suas canções da fase mexicana), José Oliva (livrando-se do soul linsniano que marcou tanto tempo sua música), o excelente grupo instrumental Quadro - com Chico Mello, Hélio Brandão (que fizeram um dos melhores lps instrumentais lançados em 1984), Helinho Santana e Yuri Samambaia também farão parte do show. Duas participações muito especiais: o casal Gaya (Maestro, pianista, arranjador) e a cantora Stelinha Egg, primeira curitibana a, na década de 40, alcançar sucesso nacional. E, finalmente, a presença de Lucinha Turnbull, compositora, ex-integrante dos grupos de Gilberto Gil (que lhe dedicou a música "Aroma") e Rita Lee. Lúcia está residindo em Curitiba há algumas semanas. Prosaica esposa do médico Roberto, convidada a integrar o staff de Luiz Cordoni Jr., na Secretaria da Saúde, ela suspendeu uma carreira profissional no eixo Rio-São Paulo. Mas não deixou a música, tanto é que se animou em reaparecer neste show que abre o ano musical do Paiol - um espaço que no ano passado sofreu um triste esvaziamento mas que, agora, Marinho quer reativar. E para reativá-lo, há boas perspectivas: de 22 a 24 de março, pela Primeira vez, a cantora Miucha (ex-Sra. João Gilberto, irmã de Chico Buarque, 3 elepês divididos com Antônio Carlos Jobim) aqui fará uma temporada, com um quarteto excelente: o baixista Novelli, o tecladista Helvius Vilela, o saxofonista Guilherme Rodrigues e o baterista Paulo Vieira. Depois, para agrado da estudantada festiva, o Tarancon se apresenta nos dias 28 a 31. Para abril, já assegurada a presença do excelente trio de violonistas D'Alma.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
07/03/1985

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