Nostalgia
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 23 de abril de 1978
É triste, mas verdadeiro: só a morte faz com que certos artistas - cantores, compositores e instrumentistas - sejam relembrados pelos diretores de nossas gravadoras. Mesmo com todo seu prestigio em 53 anos de carreira, Bing Crosby (1904-1977) tinha em catalogo, no Brasil, apenas seus dois últimos elepês, feitos para a United Artist Recordes, gravados em Londres, e aqui editados pela Copacabana. Com sua morte, no final do ano passado, em Madrid, houve uma correria por parte das gravadoras em recolocar na praça antologias e reedições com sua imensa obra. A Continental, representando a HRB Music/Concert Marketing Internacional, fez o lançamento mais vigoroso: uma caixa ("Bing Crosby e Seus Amigos"), reunindo em quatro magníficos elepes, mais de 50 clássicos criados por Crosby em diferentes épocas de sua vida. Lançado nos EUA, em 1974, quando Big comemorou seus 50 anos de vida artística, "Bing Crosby and Friends", a audição cuidadosa deste magnifico álbum permite observar o fraseado emocionante de Bing em "You Go To My Head", ou à sua atuação, apenas como crooner, em "It's Onley a Paper Moon" (tema que, em 1972, Peter Bongdanovich voltaria a usar num de seus nostálgicos filmes). A Phonogram, que passou a representar novamente a MCA (ex-Decca, ex-Kapp) no Brasil, também colocou na praça uma antologia ("The Best of Bing Crosby", álbum de 2 lps) e um compacto simples, com o maior êxito do velho cantor - "White Christmas", com ele vestido de Papai Noel na capa, disco que se pretendeu vender na época de Natal. A RCA Victor reuniu as gravações que Bing fez em dueto com Rosemary Clooney (Kentucky, 1928), também num álbum duplo, infelizmente sem a maior divulgação e dificílimo de se encontrar nas lojas. A CBS, onde Crosby também fez muitas gravações, montou "Bing Crosby... Para Sempre", com standards como "Please", "St. Louis Blues" e "Sweet Georgia Brown".
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Nos Estados Unidos e Europa, no final do ano passado, era possível encontrar mais de 30 álbuns de Bing, pois, afinal, durante 50 anos ele esteve gravando musicas dos mais diferentes autores. Sua morte, provocou um natural reinteresse não só dos fãs tradicionais, mas também de um público mais jovem, que, afinal, entende ter sido o velho Crosby, uma das vozes mais lindas de todos os tempos mestre e inspirado do (ainda) The Voice, Frank Sinatra. A discografia crosbiniana tem ainda, a disposição dos fãs brasileiros, a trilha sonora de "Alta Sociedade" (High Society, 1955, de Charles Walters, do musical de Cole Porter), dividido com Sinatra e Louis Armstrong e seria ótimo se a CBS lançasse no Brasil o fundamental "Crosby at Hollywood" (2 lps), com os temas mais marcantes dos filmes em que atuou, em Hollywood entre 1931/46.
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Em termos de reedições, a Phonogram está recolocando na praça mais dois ótimos álbuns, anteriormente já reeditados pela Continental, mas que merecem, sempre, permanecer em catálogo: "The Best of Judy Garland" (com a inesquecível cantora Judy "(1922-1969) cantando clássicos como "For me and My Gall", "But not for Me", "Poor Little Rich Girl"(de Noel Coward), afora o indefectível "Over the Rainbow". E, "The Best of Jolson (Asa Yoelson, 1886-1950), é famoso por ter sido o astro do primeiro filme falado do cinema ("The Jazz Singer", 1927), mas que deixou uma imensa obra musical, da qual temos um exemplo nas 28 faixas deste álbum duplo. Pena que nesta reedição, ao contrário da feita pela Continental, falte o encarte com elucidativas informações a respeito de Jolson e sua época, preparada para aquela outra edição pelo pesquisador João Luiz Ferreti.
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