Tayná, a índia & o rock
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 23 de abril de 1978
Valeu a critica: há algumas semanas, um empresário com o nome de Zezé Moreira cobriu os muros da cidade com cartazes de um "Rock Concert Made in Tupi Guarani", com Tayná Y Suas Rayos", acrescentando: "Vá conhecer a cultura de uma "índia" famosa no cinema e com suas canções em Tupi Guarani". Como o conselho deliberativo da Fundação Teatro Guaíra não havia autorizado ainda, a cessão da sala, o "rock concerto" foi cancelado. E nós, aqui, lamentamos o colonialismo cultural dos cartazes, descaracterizando uma ingênua índia com invólucro de música pop.
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Agora, Zezé Moreira - não confundir com o famoso técnico de futebol dos anos 50 - voltou a solicitar data na Fundação Teatro Guaíra. O conselho concordou desta vez o dia 17 a sua contratada ali se apresenta. Só que, agora, os cartazes a apresentam como "Tayná em ritmo de selva", e se fala ainda, em um "rock selvático". A musica (?) continua a mesma, mas ao menos o pôster não é tão infeliz como o anterior.
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No mínimo, é um espetáculo para ser registrado. Como prova de quanto chega a influencia nefasta do pior som internacional sobre nossas culturas autóctones.
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Enquanto Índias como Tayná saem Brasil afora, acompanhadas de guitarristas elétricos, não existe nenhum disco no mercado registrando os cantos de nossos silvícolas, isto é, não existe no Brasil, pois na Europa e Estados Unidos, a "Folkways Records", da "Library of Congress of United States of América", editou uma coleção de antropológicos álbuns com a real musica dos índios brasileiros. Todos eles, infelizmente, inéditos no Brasil, onde se, importados, custarão mais de Cr$ 400,00 cada.
E viva a nossa cultura!.
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