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Aramis

O bom artesanato

A chamada contracultura dos anos sessenta, os hippies sucedendo aos beatniks, em suas discutíveis teses de volta às origens, simplicidade etc., acabaram quase por destruir o conceito de artesanato como obra de valor. As feiras hippies passaram a ser mercados persas de objetos do pior nível, numa exploração do couro e do metal, de tal forma que hoje há pouca credibilidade quando se fala em artesanato. A introdução se faz necessária para explicar que ainda há gente, trabalhando sério em artesanato, sem contestação filosóficas, vendo, isso sim, a necessidade de oferecer ao consumidor objetos de bom nível. É o que fazem há muitos anos, dois curitibanos de talento, Lycio Esmanhoto e a bela Lina Iara Otto, que, agora, finalmente, terão uma individual a altura de seu trabalho (galeria Acaiaca, terça-feira, dia 17, a partir das 21 horas). *** Lycio Esmanhoto, 48 anos, dedica-se ao artesanato há 17 anos, principalmente na modelagem em cobre. Durante 7 anos (1961/68) foi professor de arte industriais, dedicando-se ao estudo dos diferentes processos de trabalhar a madeira, o metal e o barro. Lina Iara, começou na aprendizagem da atividade artesanal há apenas seis anos, no atelier de Lycio, paralelamente ao curso de pintura na Escola de Belas Artes do Paraná. Em 72, já obtinha o 1º lugar, com aquarela, no salão de Novos e, nestes últimos 5 anos sozinha ou junto com Lycio, tem participado de várias mostras ("Arte Classe A ", "Verde: Arte", ambas na Acaiaca), sempre com excelentes resultados. No inteligente texto que Lina e Lycio prepararam para o catálogo desta nova exposição, lembram, apropriadamente que "como arte que é, o artesanato difere das demais artes, ou modalidades de arte, porque o resultado final - a obra artesanal - tem uma potencialidade maior que o produto das demais artes; uma pintura, uma escultura, transmitem uma idéia, são uma contribuição á cultura. Uma peça artesanal pode, a um só tempo, transmitir uma idéia e oferecer oportunidade de utilização. É uma obra utilitária/cultura (...) O artesanato é uma atividade automotivadora: suas exigências de evolução levam a um desenvolvimento global contínuo em termos de imaginação, inventividade, conhecimento e habilidade".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
15/05/1977

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