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Aramis

O canto brasileiro de Edu

Com a mesma jovialidade e simpatia que o fez, entre 1964/68 um dos compositores de maior comunicabilidade na chamada "fase dos festivais e musicalmente bem mais amadurecido. Edu(ardo Góes) Lobo, 34 anos, retorna em excelente forma, no musical que os curitibanos poderão assistir ainda hoje às 21 horas, no Teatro do Paiol. Depois de sete anos de ausência dos palcos - dois dos quais estudando arranjos e composição na Califórnia. Edu decidiu retornar, de maneira calma e organizada. Primeiro foi uma semana, ao lado da boa amiga Marília Medalha (com o qual defendeu em festivais musicas como "Ponteiro" e "Memórias de Marta Saré") na série Seis e Meia, no Teatro João Caetano. Depois, há uma semana, na Concha Verde, na Urca - e agora, com o mesmo grupo, em Curitiba, fazendo com o que o Paiol volte a sentir os grandes momentos da melhor MPB. Edu é um compositor que apesar da herança paterna - Fernando Lobo, seu pai, foi um dos mais sensíveis letristas no anos 40/50 e da vivência com todo o pessoal da Bossa Nova, no final dos anos 50 e florescer da década passada. Procurou uma linha de raízes mais fortes, reflexos, talvez, de seus antecedentes nosrdestinos e das longas férias que sempre passou em Recife. Isso o levaria a aproximar-se do Quarteto Novo (The de Barros/Hermeto Paschoal/Heraldo do Monte/Airto Guimorvan Moreira), num curto mas marcantes período. Trabalhando com parceiros como Vinícius de Moraes. Ruy Guerra, Torquato Neto. Gianfrancesco Guarnieri, Oduvaldo Viana Filho, entre outros, a produção de Edu é do mais alto nível, com enfoque diferentes - desde a leveza de "Arrastão" ao profundo e triste romantismo de "Pra Dizer Adeus", além da mais perfeita experiência de musical brasileiro ("Arena Conta Zumbi", 1965). Uma revisão de sua obra tão marcante em apenas 13 anos de carreira mostra um resultado positivo e isso pode-se sentir ao longo das duas horas de seu show, onde tem a felicidade de ser acompanhado por cinco músicos excelentes: o pianista Cristóvão Bastos, um dos melhores tecladistas do momento (responsável por solos antologicos no lp "Chorando", de Paulinho da viola); o baixista Fernando Leporace, ex-grupo Manifesto, autor de um excelente tema jazzistico ("Camelão"), apresentado com muita força por ele, Cristóvão e os três outros músicos: Nilton no pistão, Ricardo no sax e flauta e Gegê na bateria. Edu, ao violão ou no piano como quando canta "Branca Dias", uma de suas novas músicas, criada em 1976 para a remontagem que Flávio Rangel dez de "O Santo Inquérito" de Dias Gomes, chega a emocionar o público. Criado brasileiríssimo, aberto a todos os gêneros, como Francis Hime, mostra todo seu talento com um chorinho antologico, batizado de "Bate-Boca"(ou "Faltando Ar") , que, por si, já justifica que ninguém perca hoje, a sua última apresentação em Curitiba. E que fiquemos, desde já aguardando o elepê que começa a fazer dentro de algumas semanas na Philips, onde "Bate-Boca" deverá ser uma das faixas mais fortes. Quadrinhólogos Há exatamente doze anos, O ESTADO era o primeiro jornal do Brasil e destinar uma página dominical a análise crítica das historias em quadrinhos. Estudiosos e interessados como Denisar Zanello Miranda, Celio Heitor Guimarães, e este colunista, ali apresentaram muitos textos que, em 1974, seriam reunidos num pequeno livro ("Gibi é Coisa Séria", edições Paiol). Com maior ou menor regularidade artigos e noticias sobre o mundo das HQs continuaram a ser publicadas, principalmente por Zanello Miranda, aos domingos e, em termos informativos, nesta coluna. Em uma década o estudo das HQs evoluiu: o gaúcho Francisco Araújo, primeiro professor a levar o seu ensino a uma Universidade (Brasília, 1968) fez escola e hoje a cadeira já existe em muitos cursos de comunicações e belas artes, já apareceram 13 livros sobre HQs em português, metade das quais de autores brasileiroa e as revistas e álbuns multiplicaram-se. ** Agora, um jornalista e estudioso carioca, Márcio Sidnei Ehrilch, está distribuindo a editores de jornais e revistas de todo o País, uma bem fundamentada carta, em 5 laudas em que indaga por que não há, na imprensa brasileira, um espaço regular e periódico dedicado à crítica das estórias em quadrinhos? Com dados concretos, Ehrilich mostra o status cultural que os quadrinhos atingiram, a sua força de comunicação (e econômica, traduzida na venda de milhões de exemplares mensalmente) e a necessidade desta forma de informação merecer, a exemplo do cinema, teatro artes plásticas e música, estudos mais profundos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
26/06/1977

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