O Carnaval e a Paranatur
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 16 de agosto de 1985
O sr. Julião Pimentel Neiva de Lima, presidente da Empresa Paranaense de Turismo, enviou carta a O ESTADO DO PARANÁ, reclamando contra a publicação de notícia, nesta coluna ("Paranatur vende Carnaval do Rio"), dia 8 do corrente. A propósito, algumas observações.
1. Em primeiro lugar, a carta foi enviada ao destinatário errado. Esta coluna é assinada e a correspondência deveria ser encaminhada ao seu signatário. Uma simples questão de educação, mas, considerando que a Paranatur pertence à Secretaria de Estado da Cultura e do Esporte (sic), a atitude não surpreende.
2. A promoção da Riotur/Varig trouxe a Curitiba, no último dia 8, alguns integrantes do Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira da Mangueira, entre as quais as figuras admiráveis de dona Zica (viúva do divino Cartola), dona Nelma e a ala mirim ("Os Meninos da Mangueira"). Uma promoção simpática, que se integrou ao projeto de marketing daquelas duas empresas para ampliar o interesse pela maior festa popular do País. Entretanto, a Associação das Escolas de Samba de Curitiba, presidida pelo mestre Laé (Laércio Cabral), da E. S. Garotos Unidos, interpretando o pensamento dos carnavalescos curitibanos, revoltou-se pelo fato de a Paranatur estar apoiando a promoção (mesmo sem investir dinheiro), quando repetidas vezes a empresa estatal recusou-se a ajudar as escolas de samba do Paraná. Ainda em fevereiro último, a "ajuda" oferecida pela Paranatur/Secretaria da Cultura e do Esporte foi de Cr$ 5 milhões, quantia que, rateada entre as 28 escolas de samba da cidade, daria a ridícula importância de menos de Cr$ 100 mil para cada uma delas.
3. Na Praça Rui Barbosa, na noite de 8 do corrente, após a apresentação dos integrantes da Mangueira, dois dos mais respeitados carnavalescos de Curitiba, o radialista Cláudio Ribeiro e o animador cultural Nelson Santos, falando em nome da Associação das Escolas de Samba de Curitiba, fizeram claras e honestas críticas à política cultural desenvolvida pela Secretaria da Cultura e Esporte, em especial à falta do apoio da Paranatur ao nosso Carnaval, inteiramente promovido pela Fundação Cultural de Curitiba, órgão ligado à Prefeitura.
4. Nem sequer o projeto de reunir, em Curitiba, uma semana após o Carnaval, as escolas campeãs das principais cidades do Paraná, para um "campeonato das campeãs", conseguiu apoio da Paranatur. A 23 de fevereiro último, a Fundação Cultural promoveu esse evento, com a participação das escolas de samba de Colombo, Jacarezinho e Ponta Grossa, em belo espetáculo de integração. Realizado sem qualquer ajuda da empresa estatal de turismo.
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