O Casopeia que chega do Japão
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de agosto de 1987
Não há dúvida de que um padrinho famoso ajuda bastante. Se Gilberto Gil não tivesse se entusiasmado com o Grupo Casopeia, do Japão, por certo o grupo não viria ao Brasil e teria um elepê aqui editado. Mas é que o Sr. Presidente da Fundação Gregório de Mattos, de Salvador, gostou do som que o Casopeia fazia na Alemanha em 1985, que, agora, neste ano da graça de 1987, ajudou a sua excursão por várias capitais - incluindo Curitiba e, estimulou a sua gravadora, a WEA, a editar o elepê "Halle", com o selo Geleia Geral, do próprio Gil.
O Casopeia não é estreante. Ao contrário, há dez anos está na estrada, pois foi criado em 1977, quando o guitarrista, letrista e arranjador Iesei Noro, conheceu o baixista Tetsuo Sakurai e o tecladista Minoru Mukaya, na época todos estudantes e juntos começaram a fazer despretensiosas jam-sessions em Tóquio. Pouco tempo depois, decidiram formar uma banda para participar dos concursos East West promovido pela Yamaha e dois anos mais tarde o ritmo diferente do Casopeia começava a ser conhecido em Tóquio quando gravaram seu primeiro elepê.
Há 7 anos houve a grande virada, com a adesão do baterista Akira Jimbo que trouxe experiência no uso de sintetizadores. Em 1983 o grupo viajou para a Europa e chegou ao festival de Montreaux. Nos últimos três anos, o prestígio do grupo somente cresceu e eles preocupam-se em fazer uma música universal. O grupo já tem 11 elepês gravados e, em seus shows, usam computadores e telões, enquanto o tecladista Minoru procura sempre conversar com a platéia no idioma local.
Em "Halle", o Casopeia dá uma amostragem de seu som, com dez temas próprios. Como diz o líder do grupo, Iesei Noro, a proposta é desenvolver improvisações - "com base no jazz, a linguagem universal", conseguindo aliar uma técnica apurada à originalidade, tanto nas apresentações ao vivo quanto nos trabalhos de estúdio.
Enquanto o Casopeia é o som que vem do Oriente, da Inglaterra, continuam chegando outros conjuntos. É o caso do The Mission, que a Polygram traz agora. A história do grupo pouco difere das centenas de outros. Nasceu e cresceu sob o peso do nevoeiro dos preconceitos, mas como foi formado sob a inspiração da sucata do The Sister of Mercy, The Mission conseguiu gravar seu primeiro compacto simples em maio do ano passado. "Serpent Kiss", o compacto, se destacou e o grupo ganhou um elepê de estréia ("Gods Own Medicine"). A formação da banda é a seguinte, para anotação pelos interessados: Wayne Hussey (vocais), Craig Adams (baixo), Simon Hinkler (guitarra / teclados) e Mike Brown (bateria).
Outro lançamento da Polygram, mas este com sabor de nostalgia: o Deep Purple, famosa banda nos anos 60/70 e que após longo desaparecimento reapareceu, nos EUA, em 1984, com "Perfect Strangers", mas sem o sucesso esperado. Agora, uma nova tentativa: "The House of Blue Night".
É bom lembrar que ao lado do Led Zeppelin, o Deep Purple é considerado o grupo que lançou a semente do heavy metal, mas seus integrantes não gostam deste título. O disco com que o Deep Purple reapareceu é resultado de mais de um ano de trabalho e foi desenvolvido em 5 estúdios diferentes, mas com sua formação histórica: Ritchie Blackmore (guitarras), Ian Gillan (vocais), Roger Glover (baixo), John Lord (teclados), e Ian Paice (bateria). Para as gravações deste "The House of Blue Night", o DP investiu pesado em duas vertentes: a redescoberta de seu som original e a familiarização com o que há de mais moderno em tecnologia.
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