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Aramis

O cinema de Sérgio Ricardo

A presença em Curitiba de Sergio Ricardo, compositor, cantor e cineasta, para a retrospetica de sua obra cinematográfica ("Menino da Calça Branca", 1961, curtametragem e "Esse Mundo é Meu", 63, hoje, terça-feira, 20,30 horas no auditório do Colégio Estadual; amanhã, mesma hora e local, "Juliana do Amor Perdido", 1970), conferirá, com certeza, maior repercussão ao lançamento do elogiado "A Noite do Espantalho" (cine Scala, dia 7), que representou o Brasil nos festivais de Nova Iorque e Toulon (França) e que, no recente festival de Belém do Pará, abiscoitou quatro troféus: melhor filme, música (do próprio Sergio), fotografia (Dib Lufti) e ator coadjuvante (Emanuel Cavalcanti). Projeto adiado por 10 anos por Sergio, "A Noite do Espantalho" é definido por seu autor como "um musical fantástico, um musical trágico e ao mesmo tempo uma incursão [à] questão social e ao lirismo, em termos de sertão". Em 1964, quando trabalhava na trilha sonora de "Deus e o Diabo na Terra do Sol", Sergio encontrou a história que basearia o roteiro de "A Noite do Espantalho". Problemas diversos, obrigaram retardar a produção - só concluída em 1973, com produção de seu irmão, Dib Lufti , seu amigo Otto Engel, e de Plinio Pacheco, idealizador da Fazenda Nova Jerusalem, em pleno Agreste Pernambucano, onde anualmente é feita a maior representação, ao ar livre, de Via Crucis. Com Rejane Medeiros , José Pimentel, Gerson Moura, Alceu Valença , Emanuel Cavalcanti e Fátima Batista no elenco, "A Noite do Espantalho" está na categoria discuta os resultados finais alcançados pelo autor . A propósito , eis aqui algumas explicações de Sergio sobre este seu terceiro longametragem. - "A Noite do Espantalho": música e filme. Misturei e as duas coisas e, de repente; verifiquei que minha música contém a imagem e meu cinema contém o som. Assumi ambas as lideranças, criadoras dentro da fita e me dei muito bem, pois acho que um e outro se integram, se completm. - "O Ambiente fantástico me possibilitou a criação de um coro, sem participação nos diálogos, mas que sublinha todas as cenas, representando exatamente a cidade dentro do campo. Sem subterfúgios, saimos num túnel, de um moderno supermercado, com suas exuberâncias, seus possantes ventiladores, e penetramos numa cidade fantástica, de pedras, imponente. De repente surgem os comparsas do jagunço Zé do Cão, motorizados (convoquei motociclitas do vizinho município de Caruarú), atacando os camponeses de Zé Tulão. Em outra situação, é o jogo de futebol, ou então as batalhas entre suas forças em choque. É difícil explicar o filme porque tudo é envolvido em simbologia, uma simbologia tipicamente sertaneja, que dá ao filme um tom trágico". - "Nada do que acabo de fazer é difinitivo. Há sempre o desafio do trabalho seguinte. Uma obra acabada vai dar, ou não, os frutos que tiver que dar, mas enquanto isso uma outra idéia já estará superando a anterior". - "Em todos os meus filmes, eu estava fazendo "laboratório" para chega a um musical, que era o subextrato que eu queria realmente fazer. Fiz exercícios - exercícios acabados, é bom frisar - em outros filmes, inclusive com trilha sonora . Fui verificando que minha música casava muito bem com a imagem, e com isso senti a perspectiva de fazer um musical. Hoje me vejo diante de uma realidade concreta: a conjugação que consegui em "A Noite do Espantalho". Não me arrisco a dizer que estaria inventando uma linguagem inédita para o cinema, mas o que fiz é realmente algo diferente, uma experiência nova de expressão dramática. Não sei ainda se uma novidade boa ou não: o julgamento caberá aos que forem ver o filme". - Do engenheiro Ulrich Wicklow, 48 anos, desde 1944 na Siemens, há seis meses em Curitiba, comandando a instalação da fábrica de centrais [telefônicas] na Cidade Industrial, justificando que apesar da dimensão da unidade (faturamento inicial de Cr$ 200, milhões em 75), não haverá o menor problema de poluição: - Nem mesmo sonora: o único som da fábrica é o da sirene pela manhã chamando os seus empregados e, ao entardecer, no encerramento de mais uma jornada de trabalho.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal do Espetáculo
12
05/11/1974

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