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Remo Usai, o homem das muitas trilhas

Sérgio Sarraceni, autor de trilhas sonoras de filmes como "Anchieta José do Brasil" (realização de seu tio, Paulo César) e "Baixo Gávea" (de Haroldo Marinho Barbosa) ficou feliz ao saber que um de seus colegas da mesa-redonda sobre "A Música no Cinema Brasileiro" (auditório Brasílio Itiberê, hoje, a partir das 10 horas) seria o compositor Remo Usai. Afinal, para quem se interessa pela música no cinema o nome de Remo Usai merece o maior respeito. Aos 59 anos, este filho de imigrantes brasileiros, formado pela Escola Nacional de Agronomia da Universidade Rural na turma de 1953, mas que trocou a carreira de agrônomo pela de músico, vem produzindo trilhas sonoras para dezenas de longas, médias e curtas-metragens. Pela primeira vez, Remo Usai sentar-se-á ao lado de colegas mais jovens - como Sarraceni, o mineiro Tavinho Moura e Pena Filho, que, cada vez mais vem se dedicando a criar bandas sonoras para nossos filmes. Sérgio Ricardo, 55 anos, músico, compositor e cineasta, autor da trilha de um clássico do cinema brasileiro ("Deus e o Diabo na Terra do Sol", 1963, de Glauber Rocha), também cineasta ("Menino da Calça Branca", "Esse Mundo é Meu", "Juliana do amor Perdido", "A Noite do Espantalho"), estará presente neste encontro, inédito em termos de propostas musicais, que se realiza hoje em Curitiba. xxx Desde 1958, quando fez a música para "Pega Ladrão", Remo Usai não parou mais de ser solicitado para fazer música para o cinema. Afinal, foi o primeiro maestro e compositor a se especializar na arte de fazer música para ilustrar sonoramente as imagens, com curso na UCLA, em Los Angeles e estágio, entre outros mestres, com Miklos Rozsa, um dos mais conhecidos autores do cinema americano. Nos EUA, como defesa de tese, Usai fez a música para o documentário "Chicken's Fram", e, mais tarde, criou a sound track para outro filme americano, "Men of Brazil", dirigindo a orquestra de David Rose (e tendo como spala o violonista Israel Backer que na época participava do quarteto Heifetz). xxx Na longa filmografia de Remo Usai - são mais de 150 títulos, entre longas e curtas (sem contar sua colaboração na televisão e no cinema publicitário, estão momentos marcantes do Cinema Novo - como a trilha para "Mandacaru Vermelho", de Nelson Pereira dos Santos, bem como dos filmes do chamado "ciclo baiano" - com "A grande Feira" e "Tocaia no Asfalto" de Roberto Pires. Para Nelson Pereira dos Santos, Remo voltaria a musicar sua versão de "O Boca de Ouro", em 1963, enquanto Roberto Farias recorreria ao seu talento para a trilha de "Assalto ao Trem Pagador". Só entre 1958/70, Remo fez a trilha para 53 longas metragens. Infelizmente, dentro da pobreza na fonografia de trilhas sonoras do cinema brasileiro, apenas quatro dos filmes que musicou tiveram edições em elepês (hoje raridades): "Mandacaru Vermelho", "Boca de Ouro", "Pega ladrão", e "Pistoleiro Bossa Nova". Trabalhando em seu próprio estúdio, Remo Usai continua a ser requisitado para criar e gravar trilhas para filmes e também comerciais, além de projetos especiais. Nos últimos anos, entre os filmes que musicou estão "Consórcio de Intrigas", "O Caso Cláudia" e "As Aventuras da Turma da Mônica". xxx Duas ausências lamentadas no encontro dos músicos de cinema: Francis Hime, que a exemplo de Edu Lobo, fez curso sobre trilha sonora também em Los Angeles - e que não pode aceitar o convite porque se encontra fazendo shows no Nordeste. Já o paranaense Arrigo Barnabé, autor de várias trilhas sonoras, viajou para a Bélgica, onde "Cidade Oculta" (do qual é autor, co-roteirista e compositor da trilha sonora) concorre num festival que tem uma premiação especial para trilha sonora. Compositores paranaenses ou aqui radicados - como Marinho Galera, Paulo Chaves, Alecir de Antonina, Reinaldo Galera, que se dedicam a criação de trilhas sonoras, especialmente para trabalhos comerciais (na impossibilidade de fazerem musicais para os nossos inexistentes longas) também foram convidados para o debate desta manhã, que terá, por certo, muitas revelações interessantes sobre este aspecto tão importante - mas até hoje esquecido da realização de um filme: a música.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
07/10/1987
ele é o melhor compositor do mundo! meu orgulho.

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