O " Encontro " de hoje é com Paulinho Campos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 03 de maio de 1984
Paulo Mendes Campos, poeta cronista, um dos mais admirados intelectuais da chamada "geração dos anos 40" grupo de mineiros do qual fazem parte Fernando Sabino, Otto Lara Rezende, Carlos Castelo Branco. Helio Pelegrino, entre outros, chega hoje a Curitiba, Ao entardecer participa do projeto "Encontro Marcado" ( auditório da Reitoria, 18 horas, entrada franca ) inaugurado há um mês, por Fernando Sabino.
Paulinho falará sobre literatura e vida. Responderá as perguntas do auditório prevê-se que a exemplo que aconteceu no encontro com Sabino, 80% do público será jovem, interessado em sua obra distribuida em poesia, crônica e jornalismo.
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Pouca gente que Paulo Mendes Campos, multiplo artifice da palavra, na juventude belorizontina, estudou odontologio, matriculou-se na Escola Preparatória de Cadetes, em Porto Alegre, frenquentou o curso de Direito e afinal, conquistou um único diploma: o de datilografia. Um dia,em 1945, partiu no trem noturno de Belo Horizonte,rumo ao Rio, com um só objetivo: conhecer, pessoalmente, o poeta Pablo Neruda, em visita ao Brasil. Um mês depois, mudava-se definitivamente, para a cidade à beira mar.
"A palavra Escrita", " Domingo Azul do Mar", " Testamento do Brasil", "Balada do Amor Perfeito", são alguns de seus livros de poemas, ao lado de outros tantos de crônicas, ensaios e histórias curtas. Mas é em " Diário da Tarde" ( que autografará após o "Encontro Marcado" de hoje a tarde ) que Paulo Mendes Campos aparece de corpo inteiro em sua totalidade.
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O projeto "Encontro Marcado", idealizado pelo jornalista Arakém Távora e que mensalmente traz a Curitiba um importante nome da literatura brasileira, abre com a projeção de um video tape, situando o escritor e sua obra - facilitando o diálogo que se segue, Explicando que é um cronista e também um poeta, Paulinho Mendes Campos diz:
" Já escrevi versos como se fosse crônicas ( por encomenda, pagamento a partir de vista ) e já escrevi crônicas como se fossem versos ( por puro prazer, sem cuidar de remuneração ). Estou coligindo uma universal, partindo dos chineses, dos biblicos, passando pelos gregos e romanos, entretanto no ocidente moderno, garimpandoem lendas primitivas, catando pedaços de livros cientificos, chegando a algumas letras da música popular. Só trehos que nunca foram rotulados de crônicas. Tudo pode ser poesia; tudo pode ser crônica".
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Paulo Mendes Campos deverá estender por dois ou três dias sua temporada em Curitiba. Vem em companhia da esposa, inglesa Judy e de um filho, Daniel. Este, veterinário e turfista, está adquirindo um haras na região metropolitana de Curitiba e aqui pretende se fixar.
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