O lago Paraná
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de maio de 1974
Dentro de uma década o Paraná terá uma grande parte de seu território ocupado por imensos lagos, que nascerão de grandes hidrelétricas projetadas para os próximos anos. Embora ainda não existam dados exatos, os números são impressionantes e se as barragens representam força para o desenvolvimento industrial, consumirão também uma grande parte da área disponível para atividades agro-pastoris, o que, indiretamente, obrigará o aceleramento para que deixemos a economia terciária. Além dos grandes lagos que as futuras usinas de Itaipu (1350 alqueires), Salto de Capivara, Salto Osório e Foz da Areia, entre outras, provocarão em diversas regiões, dois outros lagos num total de 6 mil quilômetros quadrados surgirão caso o ministro Shigeaki Ueki, das Minas e Energias, se entusiasme com os estudos que as Centrais Elétricas de São Paulo estão reapresentando naquela pasta e que propõe a construção de duas usinas hidrelétricas no Paraná - Ilha Grande e Salto Primavera - que terão, sozinhas quase que toda a potência de Urupungá (4600 MW). O governo anterior vetou completamente a idéia, mas o ministro Ueki parece mais inclinado a reconsiderar o assunto, tendo em vista a necessidade de ampliar a atual potencia hidrelétrica em face do aumento do custo do preço do petróleo. As duas usinas localizar-se-ão no rio Paraná, entre Jupiá e Itaipu, e a construção de barragens separadas tem sua justificativa: se fosse feita uma única a inundação resultante formaria um reservado de 10.000 quilômetros quadrados, atingindo terras férteis onde hoje se desenvolve o cultivo do soja, altamente rendável. Com duas barragens a inundação será de 6 mil quilômetros quadrados. Uma única barragem daria um volume de 160 milhões de metros cúbicos de água ou seja o equivalente a Assuan, no Egito.
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