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Aramis

O Palácio do Samba

Uma das frustações do arquiteto Jaime Lerner ao terminar o seu primeiro mandato na Prefeitura, há 5 anos passados, foi o de não ter instalado no antigo Matadouro Municipal, desativado, há mais de dez anos, o projeto Pavilhão de Etnias. Uma excelente espaço, construído há mais de 60 anos e que com pequenas modificações seria transformado numa área de grande movimentação, integrando-se ao esquema de recreação e eventos da cidade. A administração Saul Raiz ignorou totalmente o projeto - e o antigo Matadouro continuou apenas como depósito de veículos inservíveis, cuidado por velhos funcionários. Agora, voltando à Prefeitura, Jaime já pensa em reativar a antiga idéia, embora tenham surgido novas sugestões para aproveitamento daquele prédio do município - que, realmente, merece ter um destino melhor do que o que lhe tem sido dado desde que acabou a época em que servia para o abate de animais. O carnavalesco Osvaldo de Souza, 36 anos, o "Afunfa", desde 1959 integrando a atual Escola de Samba Mocidade Azul tricampeã do Carnaval curitibano, tem pronto um projeto para transformar, sem que o minicípio tenha que investir mais do que, Cr$ 2 milhões, o local numa espécie de "palácio do samba curitibano" - Com uma série de atração, prometendo movimentar a área, integrá-la ao calendário de eventos e, democraticamente, abrir espaço para outras escolas-de-samba, como a G.R.E.S. Colorado, cujo dirigente Ismael Cordeiro, o Mãe da Cuíca, também se mostra entusiasmado com a idéia - já que há mais de 30 anos a sua agremiação sofre pela falta de sede própria. Afunfa, próspero corretor Zoológica, que transformou o antigo Bloco Carnavalesco Dom Pedro II numa escola de samba empresa e que de ano para ano tem aumentado o número de passista no Carnaval, decidiu propor , oficialmente, sua idéia ao prefeito Jaime Lerner ao saber que já se encontra em mão de sua assessora uma proposta do G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro, que em 1974 conquistou pela última vez o título de campeão do carnaval carioca, propondo-se a prestar uma espécie de assessoria carnavalesca em Curitiba. Segundo a proposta do Salgueiro, ela se dispõe a criar uma espécie de sucursal curitibana, mediante condições excepcionais (para ela, sem dúvida): uma área coberta de 1.500 metros quadrados, 150 mesas, 600 cadeiras, palcos, mais subvenções mensal de Cr$ 100 mil e ajuda de Cr$ 500 mil por carnaval. Ou seja, um investimento de mais de Cr$ 2 milhões. "Com apenas 10% disto nós fazemos tudo o que o Salgueiro se propõe", garante Afunfa, acrescentando que Mocidade Azul, que saiu este ano com 1.250 pessoas nas 4 noites de Carnaval, gastou apenas Cr$ 150 mil e conseguiu até ter um lucro. Para 1980, ela já escolheu o tema - e está trabalhando arduamente sobre ele: os anos de gloria do Cassino Ahu. O G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro foi fundado a 3 de março de 1953, da fusão da E.S Azul e Branco com a Depois Eu Digo. Em compensação a Mocidade Azul foi criada em 1975, da transformação do antigo Bloco Carnavalesco Dom Pedro II, existem desde 1959, criado pelos remanescentes do antigo Ases da Alegria, que tinha seu núcleo principal no bairro do Bacacheri. Aliás, Jubal Azevedo, remanescente do grupo original, decidiu reestruturar o Bloco Carnalesco D. Pedro II, que deverá sair no próximo Carnaval - "o que será salutar e estimulante para animar a festa", garante Afunfa. Repleto de idéias para transformar o antigo Matadouro Municipal num "Palácio do Samba", Afunfa vai mais além em seu entusiasmo carnavalesco: vai comprar um vagão de RVPSC para introduzir, em 1980, o "trem elétrico" - e não trio elétrico, como dos baianos - "capaz de puxar os curitibanos pelas ruas da cidade".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
26/04/1979

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