O "Rei Momo" americano
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de março de 1990
Quem diria, o Rei Momo acabou vindo dos Estados Unidos. Pois é? Compositor, músico, cineasta, performer, David "Talking Heads" Byrne, acabou dando no Carnaval. A WEA aproveitou a temporada pré-carnavalesca para aqui lançar "Rei Momo", terceira montagem que o cineasta de "Histórias Verdadeiras" fez com música brasileira em tempero pop.
Anteriormente, Byrne, sempre, sempre explorando a cultura afro-latina, e que realizou um vídeo sobre sincretismo religioso, havia montado duas antologias - "O Samba: Brazil Classic - Volume 2" e "Beleza Tropical". Brazil Classics - Volume 1", que há um ano ganharam elogios até do "The New York Times".
Estimulado por este sucesso, Byrne produziu "Rei Momo", que não fica apenas na MPB. Ao contrário, teve a colaboração de músicos latinos que vivem na Big Apple, como Rubén Bladés, Célia Cruz, Tito Puente e Wilfredo Vargas. Entre as principais faixas do disco se destacam "Marching Through the Wildners", "The Rose Tatos", "Independence Day", "Dirty Old Town" e "Office Cowboy", este em dueto com Herbert Vianna, do Grupo Paralamas do Sucesso.
Paralelamente aos seus discos latinos, David realizou em Salvador um documentário sobre candomblé e a religião nagô, "Ile Aiye" (The House of Life"), que na PBS-TV nos Estados Unidos, inaugurou a série "Alive From Off Center". Só que Byrne utilizou alguns fragmentos de "Barravento" sem autorização dos herdeiros de Glauber Rocha, que decidiram processar e até interditar o filme. Justificando seu interesse pela cultura afro-brasileira, Byrne diz:
- Não é pelo exotismo, pois se voltarmos na história da música popular americana encontraremos elementos de influência Iorubá.
LEGENDA FOTO - David Byrne: músicas e imagens brasileiras.
Enviar novo comentário