O romance das serrarias
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de fevereiro de 1977
Com exceção de alguns contos do jornalista Domingos Pellegrini Júnior, de Londrina, até agora os escritores paranaenses não se voltaram a uma temática rica e fascinante: a conquista do Norte e Oeste, com sua lutas, aventuras e heroísmo na criação de cidades e colonização da terra. Material fascinante, a espera de quem queira contar em livros a saga dos colonizadores da região, estes ciclos - madeira, café e agora soja - tem condições de render excelentes livros.
Só que ainda não foram escritos.
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Por tudo isso, o fato de aparecer um livro intitulado "Na Terra dos Grileiros" com o substituto de "Romance do Ciclo das Serrarias" (Edições Formigueiro, 72 páginas, 1976), escrito por uma mulher nascida no Interior (Pitanga, 1941) e há muitos anos radicada em Guarapuava, atrai a atenção. Apesar da ingenuidade da narrativa e simplicidade do estilo, a autora Terezinha Aguiar Vaz, coloca na primeira parte de seu romance a vinda de um emigrante alemão, aventureiro e ambicioso (Schuller), que se torna grileiro de terras na região de Guarapuava. Lamentavelmente, a narrativa não se aprofunda nesta parte, ficando superficial no tratamento dos personagens e do meio social em que a história é ambientada. Mas apesar desse detalhe, a narrativa é fluente e atraente - parecendo inclusive uma sinopse para um roteiro cinematográfico ou, o que seria mais viável, uma telenovela.
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A autora, Terezinha Aguiar Vaz, ex-noviça no Convento da Pia Sociedade Filhas de São Paulo, em Curitiba e em São Paulo (que abandonou em 1960), formada em Letras pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Guarapuava, escreve crônicas, poemas e contos há alguns anos, já tendo obtido premiações e publicado dois livros em 1975 ("A transa das Gentes da Terra" e "Rascunho da Vida"), além de ter coordenado uma antologia de novos poetas ("Jovens Talentos de Nossa Terra"). Casada, uma filha, residindo em Guarapuava, pode - e deve - continuar o prometido "Ciclo das Serrarias", voltando-se a uma temática que justifica novos romances.
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