Login do usuário

Aramis

Ópera, no jeitinho brasileiro...

- Quem tem medo da Ópera? Há 15 anos, um dos mais inteligentes produtores fonográficos do Brasil, Maurício Quadrio, aceitava o desafio e, passou a editar óperas completas, em álbuns nos quais sem abrir a mão da qualidade técnico-artística, das informações básicas, da íntegra dos libretos, havia também uma adequação a nossa realidade econômica. O projeto funcionou e se hoje Quadrio está na CBS, em outros projetos (igualmente excelentes, tanto no erudito como no jazz), a Polygram continua a oferecer, regularmente, preciosas edições de óperas - um gênero musical classe A, com um público tão fiel quanto exigente. Geralmente formado por pessoas acima dos 30/40 anos, com boa base cultural e, sobretudo, alto poder aquisitivo, os chamados "operários" importam o que de melhor existe, buscam ter múltiplas interpretações de uma mesma ópera e, nos últimos anos, acrescentaram dois outros sofisticados processos para curtirem seu gosto: o vídeo-tape e, especialmente, o compact-disco, que já dispõe de um razoável número de óperas a disposição dos aficcionados. Grande parte deste público também faz qualquer sacrifício para assistir as boas encenações operísticas - seja no municipal no Rio de Janeiro, ou internacionalmente, em Nova Iorque, Milão, Roma, Paris ou Londres. Enfim, a ópera tem um público certo e seguro. Mas ainda reduzido e, constituindo, uma elite fechada, exigente e mesmo, em muitos casos discriminatória a outros gêneros. Portanto, é no mínimo interessante, quando se tentam aproximações de obras populares capazes de se aproximar da ópera, ou de sua prima mais acessível, a opereta. Para os cultores elitistas, preconceituosos, do bel-canto, tais iniciativas são intoleráveis. Mas em termos de Brasil, onde há tanto a fazer em termos de elevar o nível musical da população, achamos que são propostas merecedoras de atenção. Se jamais entusiasmarão grandes apreciadores da ópera tradicional - como Humberto Lavalle ou Joel Mendes, talvez sejam aceitos por experts em óperas que sabem apreciar também o popular. Dois exemplos destas brincadeiras operísticas estão na praça, produzidas pelo Estúdio Eldorado, de São Paulo: "O Guarani", numa adaptação e interpretação do Quinteto Violado e "A Noiva do Condutor", opereta inédita de Noel rosa, que só agora, 51 anos após ter sido escrita, sem qualquer pretensão, ganhou uma gravação historicamente indispensável.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
07/09/1986

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br