Os bons frutos que Morozowicz plantou
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 18 de dezembro de 1980
Fundada há 53 anos - uma das duas escolas de dança mais antigas do Brasil - o Ballet Morozowicz formou já algumas centenas de bailarinas. Se poucas seguiram os caminhos profissionais, nos palcos - face as raras perspectivas para essa carreira, a maioria das professoras que hoje orientam academias na cidade tiveram do professor Thadeo ou, nos últimos anos, de sua filha, Milena, os ensinamentos básicos. Quando, finalmente, o Ballet Guaíra começa a ter reconhecido, nacionalmente, o seu talento, com "O Quebra-Nozes", música de Tchaikowsky, coreografia de Carlos Trincheiras (nova temporada no Guairão, a partir de hoje, 21 horas, ingressos a preços populares), deve-se também ver a dança de forma mais ampla.
Com recursos oficiais que permitem grandes montagens - como esta que agora foi levada, com a participação dos bailarinos do Bolshoi, a São Paulo e Rio de Janeiro, o Ballet Guaíra é hoje um grupo que começa a ter elogios nacionais. Uma dezena de novas academias apareceram na cidade, nos últimos meses - muitas das quais sem a estrutura desejável, buscando mais o lado comercial. Entretanto há também as escolas sérias, com uma tradição de muitos anos - e nesta área se [destaca a] Morozowicz. O professor Thadeo, 80 anos, pode se orgulhar de sua contribuição ao nosso Estado. Sem jamais se afastar da dança, em cinco décadas, encenou algumas dezenas de espetáculos e formou muitas bailarinas, num trabalho contínuo, humilde - e de certa forma até anônimo.
Hoje, vendo seus filhos brilhando na área musical - Norton, o caçula, é primeiro flautista da [Sinfônica] Brasileira, reconhecido como melhor instrumentista; Henrique, o primogênito, concluindo mestrado em composição na Cornel University, EUA, tem também a felicidade de ter sua filha, Milena, mantendo a academia que fundo logo ao chegar a Curitiba, há meio século passado. A partir de 1981, a Academia Morozowicz - instalada no 13º andar do Centro Comercial Everest, estará apresentando novos cursos, dentro de uma dinâmica característica de Milena, sempre em busca de novas idéias.
A disposição de Milena em criar novos balés, estimulando a improvisação entre suas alunas, resultou agora na disposição de um grupo de alunas em estruturarem um conjunto que pretende se dedicar a um trabalho de pesquisa e experimentação, sem objetivos comerciais, quase que numa homenagem ao idealismo do criador da Academia. Na semana passada, uma mostra deste novo rumo da dança foi apresentado a um pequeno grupo de pessoas, quando houve uma síntese do muito que Milena idealizou, coreografou e dirigiu nestes últimos anos. Com imagens, cenários e sugestões dos bailados montados em 1971 ("Floresta Amazônica"), 19972 ("Pulsaciones"), 1976 ("Réquiem", "Tempos e Contratempos"), 1977 ("Cosmogonia") e 1979 ("Cantigas do Bem Querer" "Summertime" e "Três Peças Conseqüentes"), com textos e roteiro de Lidia Dobrianskyj e Lia Bacila, estas duas jovens, mais Dagmar Simek, Lia Silvana, Lidia Natalia, Maria Elisa e Maria Lucia Chueire, Maria do Rocio Vieira, Maria Teresa Consentino, Marilene Juk, Monica Claure, Rosana Reis e Soraya Kardosh, montaram um espetáculo diferente, único e bastante pessoal.
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