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Aramis

Os partidos de 50 anos passados (I)

Para quem se surpreende com a quantidade de partidos políticos que surgiram na Nova República - nada menos do que trinta siglas - é interessante consultar as 163 páginas do terceiro volume do Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro, publicado pela Forense - Fundação Getúlio Vargas. Entre 1930/1983, surgiram no Brasil 150 partidos, computando-se algumas siglas que já haviam sido fundadas antes e que se mantiveram nesse período. A grande maioria, entretanto, foi de partidos fundados a partir de 1930, que tiveram, entretanto, vida efêmera, pois, com o Estado Novo, foram extintos pelo decreto nº 37, de 2 de dezembro de 1937. xxx O Paraná aparece com quatro partidos locais, todos de presença temporária: o Partido Liberal Paranaense (1936/37), o Partido Republicano do Paraná (1930/37), o Partido Social Democrático do Paraná (1933/37), e o Partido Social Nacionalista do Paraná (1934/37). O curioso é que, para a elaboração dos verbetes sobre esses partidos, os redatores do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil/ Fundação Getúlio Vargas tiveram que recorrer praticamente às coleções do "Correio da Manhã", "Diário Carioca", "Estado de São Paulo" e "Diário de Notícias", porque, como se tem registrado aqui inúmeras vezes, a história política do Paraná é ainda carente de estudos e documentação. Até hoje, a Assembléia Legislativa ainda não destinou quaisquer recursos para subsidiar a implantação de um banco de dados capaz de reconstituir a evolução da política paranaense nos 80 anos da nossa República. xxx Dos quatro partidos estaduais fundados no Paraná no início dos anos 30, apenas um era de apoio ao então interventor Manoel Ribas (1873-1945): o Partido Social Democrático do Paraná, fundado em fevereiro de 1933 com o objetivo de concorrer às eleições para a Assembléia Nacional Constituinte. Apoiava Ribas e os princípios da Revolução de 1930 que havia levado Getúlio Vargas ao poder. O diretório central era composto pelo general Raul Munhoz (presidente), Antonio Jorge Machado Lima, Ariston Plaisant, Garcez do Nascimento, Idálio Sardenberg, Francisco Franco, Catão Mena Barreto, Francisco de Paula Soares Neto, Eduardo Virmond Lima, Ivo Leão e Hugo Simas. Manoel Ribas era o presidente honorário. Os principais pontos do programa do PSDP reivindicavam o voto secreto e proporcional, a abolição gradual do imposto de exportação, a organização nacional de crédito, o amparo à pecuária e a defesa sanitária urbana e rural. xxx Nas eleições para a Assembléia Nacional Constituinte, em 1933, o Partido Social Democrático do Paraná conseguiu eleger três representantes: Manoel Lacerda Pinto, Antonio Jorge Machado Lima e Idálio Sardenberg. No ano seguinte, com as eleições estaduais de 14 de outubro de 1934, o PSDP voltou a ter brilhante desempenho: fez 20 deputados estaduais e dois deputados federais - Francisco de Paula Soares Neto e Lauro Sodré Lopes. Os deputados estaduais eleitos para a Assembléia Constituintes Estadual de 1935, além de preparar a Constituição do Paraná, deveriam eleger o governador constitucional e dois senadores. Como tinha a maioria dos deputados na Assembléia, o candidato do PSDP, o já interventor Manoel Ribas, foi eleito governador e, Antonio Jorge Machado LIMA, senador. Ou seja: indiretas e candidatos biônicos. No início de 1936, Manoel Ribas tentou por em prática uma política de pacificação entre o PSDP e o Partido Social Nacionalista do Paraná (fundado em 1934), que concentrava as principais forças da oposição. Nesse mesmo período, verificou-se no PSDP uma dissidência liderada pelo senador Antônio Jorge Machado Lima e com a participação de Francisco Paula Soares Neto, Idálio Sardenberg e Eduardo Landerburg, que decidiram reorganizar o Partido Liberal Paranaense (que havia sido fundado em 1933, também para concorrer à Constituinte). Assim, para fortalecer-se diante dessa dissidência, Manoel Ribas, astuciosamente, reforçou a política "pacificadora", tentando um acordo com Plínio Tourinho (1882-1950), presidente do PSN. Mediante esse acordo, caberia a membros do Partido Social Nacionalista o controle da polícia e da Secretaria de Agricultura. No entanto, os dirigentes do PSN negaram a barganha e mantiveram-se na oposição a Ribas e ao PSDP. A 25 de maio de 1937, na convenção de lançamento da candidatura oficial de José Américo de Almeida (1887-1980) à Presidência da República, Antônio Augusto de Carvalho e Lauro Sodré Lopes, representaram o PSDP. As eleições para a Presidência acabaram não acontecendo, pois o golpe de Getúlio Vargas, promulgando o Estado Novo, aconteceria já alguns meses depois.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
09/11/1985

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