Os partidos de 50 anos passados (II)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de novembro de 1985
Mais do que nostalgia ou reminiscência histórica, a verificação da evolução dos partidos políticos, criados no Brasil a partir de 1930 é interessante para uma comparação ao que ocorre neste período eleitoral, quando a Nova República estimulou a criação de 30 siglas, quase uma dezena das quais já organizadas no Paraná.
No Paraná, no início dos anos 30, surgiram quatro partidos regionais, de efêmera (mas grande) atuação. O Partido Social Democrático do Paraná, fundado em 1933, de apoio ao interventor Manoel Ribas (Ponta Grossa, 1873 - Ctba. 1945) - e que registramos em nossa coluna de anteontem.
Aguerridos, os oposicionistas ao interventor que Getúlio Vargas havia ido buscar em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, onde por seu pulso forte fez fama de bom administrador na Cooperativa Ferroviária, se organizaram em 1934 no Partido Social Nacionalista do Paraná. Era um partido basicamente de oposição, presidido por Plínio Alves Tourinho (1882-1950), que foi eleito deputado federal em 14 de outubro de 1934.
Naquelas mesmas eleições, o PSN conseguiu eleger também cinco deputados estaduais para participar da Assembléia Constituinte Estadual de 1935. Só que o PSDP, que tinha a maioria, elegeu, indiretamente, o interventor Manoel Ribas para o cargo de governador. Apesar do acordo tentado por Ribas, para conquistar o apoio do PSNP, ele se manteve na oposição até o Estado Novo, quando os partidos foram extintos e as assembléias fechadas.
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O outro partido fundado no Paraná para fazer oposição ao interventor Manoel Ribas foi o PLB - Partido Liberal Paranaense, criado provavelmente em 1933. Sua comissão executiva era formada por um trio de militares: o general Mário Tourinho (1871-1964) e os coronéis Roberto Glasser e Joaquim Pereira de Macedo.
Os principais pontos de seu programa defendiam a República Federativa; a ampla autonomia administrativa estadual e municipal; o eleitorado único para todos os pleitos e a legislação federal no processo eleitoral, o sufrágio universal; o voto secreto e proporcional; a manutenção das liberdades individuais e de manifestação de pensamento, de culto, de profissão e de ensino, consagradas na Constituição de 1891, e o restabelecimento do habeas corpus, conforme a Constituição de 1891.
Para participar da Assembléia Nacional Constituinte de 1933, foi eleito sob sua legenda o general Mário Tourinho.
Nas eleições estaduais de 14 de outubro de 1934, o Partido Liberal elegeu o deputado federal Francisco Ferreira Pereira, não conseguindo, porém, fazer nenhum deputado estadual para participar da Assembléia Constituinte Estadual de 1935. O PSDP, por outro lado, fez a maioria dos deputados para esta Assembléia, garantindo conseqüentemente a vitória de seu candidato ao governo constitucional do Estado, o já interventor Manoel Ribas.
Em 1936, o Partido Liberal foi reativado por uma ala dissidente do PDS, da qual faziam parte o senador Antônio Jorge Machado Lima, Francisco de Paula Soares Neto, Idálio Sardemberg e Eduardo Landerburg. Esta ala rompeu com o PSD por se opor a Manoel Ribas.
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A Assembléia Nacional Constituinte em 1933, fez com que o antigo Partido Republicano do Paraná, fundando muitos anos antes, fosse rearticulado em novembro de 1932. Seus principais organizadores foram Arthur Ferreira dos Santos e Afonso Camargo.
Era também um partido de oposição ao Partido Democrático (PSDP) do Paraná, que apoiava Ribas. Chegou a indicar uma chapa para participar das eleições para a Assembléia Nacional Constituinte de 1933, mas não conseguiu eleger nenhum candidato.
Nas eleições de 14 de outubro de 1934, entretanto, fez Artur Ferreira dos Santos deputado federal.
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