Quem se lembra de Aldo Laval, Cosntituinte em 1947 e um dos nove únicos sobreviventes daquela Legislatura? Pois, aos 82 anos, Laval continua firme e vigoroso e, dia destes, foi a redação da revista "Panorama", para contar aos jornalistas Luís Fernando Sá, 22 anos, um pouco da Assembléia Legislativa que funcionava, há 40 anos passados, onde hoje está a Câmara Municipal. Eleito pelo PTB, Aldo Laval, ainda hoje batalha por uma proposta que ele não conseguiu incluir nas discussões que se travaram em 1947: a criação da "Caixa do Transporte Coletivo Estadual", um processo socializante que, segundo ele, "é mais avançado até que as propostas do prefeito Roberto Requião". Na entrevista a Sá - e que está na edição da "Panorama" que esta semana chegou nas bancas - Laval fala, com saudades da Cosntituinte, lembrando dos "bons debates". Laval nunca desistiu de tentar a aprovação da "Caixa do Transporte", embora tenha exercido seu único mandato justamente durante a Constituinte de 1947. No ano passado, ele apresentou, através de Ezequias Losso (PFL), a mesma matéria na Assembléia Legislativa. O projeto terminou rejeitado pelos oito deputados que estavam em plenário, embora depois Laval tenha recebido uma certidão que atestava a presença dos 58 deputados na sessão. Reclama: - Mais uma vez resolveram privilegiar meia dúzia de concessionários em detrimento dos interesses do povo. xxx Na mesma edição da "Panorama", o ex-deputado, ex-secretário da Justiça, hoje milionário executivo e um dos diretores do Sir-Laboratório de Som e Imagem, Túlio Vargas, também historiador com vários livros publicados, recorda o caso do deputado Raul Munhoz, do Partido Social Democrático, eleito com a maior votação do Estado do Paraná em 1934, mas que renunciou antes mesmo de tomar posse. Raul Munhoz renunciou a ser Constituinte em 1934 em protesto a destituição, por motivos meramente políticos, do Secretário dos Negócios do Interior e Justiça, Catão Mena Barreto, seu correligionário e amigo, ao qual devia seu ingresso no Partido Social Democrático. Militar, independente, intransigente, radical e brioso - conforme define Túlio vargas, Raul Munhoz foi homem de muitas renúncias. Em 1936, eleito vereador pela Aliança Integralista Brasileira, abriu mão dos subsídios. E, quando o movimento se associou a outras agremiações espúrias, com objetivos eleitorais, renunciou ao mandato e abandonou a Aliança. "Sonhava - diz Túlio - socraticamente, práticas isentas de corrupção de mazelas, tão próprias dos regimes políticos em geral. Sofreu por isso. Porém, não se dobrou aos poderosos nem traiu aos seus princípios". Durante o governo do presidente Caetano Munhoz da Rocha, nomeado comandante da Polícia Militar (então Força Pública), discordou dos critérios na composição da lista de promoções que, em seu entender, não fazia justiça aos seus melhores oficiais. Demitiu-se. Faleceu em 1948 (Túlio esqueceu de, em seu texto, informar o ano de seu nascimento). xxx Com a renúncia de Raul Munhoz a Assembléia Nacional Cosntituinte de 1934, assumiu a sua vaga Idálio Sardenberg, também militar, mais tarde general, diretor da Petrobrás e que ocupou outras importantes funções na esfera federal. Os outros constituintes do Paraná foram Lacerda Pinto, que ingressou, depois na magistratura e se elegeu, várias vezes, presidente do Tribunal de Justiça; Plínio Alves Monteiro Tourinho, que havia sido o grande conspirador da Revolução de 1930, também general. Rompeu com Getúio Vargas no episódio da destituição do seu irmão, Mário Tourinho, da Interventoria do Paraná. O último constituinte foi Antonio Jorge Machado Lima, filho do líder repuclicano Vicente Machado. Foi diretor geral do ensino no governo Mário Tourinho e membro do Conselho Consultivo do Estado durante a administração do interventor Manoel Ribas. LEGENDA FOTO - Laval: preocupação pelos transportes na Constituinte de 1947.

Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:

Veiculo: Estado do Paraná

Caderno ou Suplemento: Almanaque

Coluna ou Seção: Tablóide

Página: 17

Data: 28/02/1987

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