No campo de batalha
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de agosto de 1986
Mesmo sendo candidato ao Senado e, numa segunda etapa, presidenciável nome, José Richa começa a sentir que a ausência do poder executivo faz diminuir a legião dos puxa-sacos. Na manhã de quarta-feira, desembarcou prosaicamente de um voô comercial da Vasp, no aeroporto Afonso Pena. Cumprimentado apenas, discretamente, três pessoas que ali se encontravam, ele próprio, foi à secção de entrega de malas. Não havia ninguém para fazer este trabalho.
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A propósito de Richa, uma estorinha culinária. Quando da última passagem do ministro Celso Furtado, da Cultura, por Curitiba, o ex-governador foi aboletar-se na mesa em que o ministro almoçava num restaurante de Santa Felicidade. Como o prato-de-resistência na pantagruélica refeição era o frango, Richa lembrou que em sua recente viagem à China, insistiu em algumas refeições em pedir o frango-xadrez, na maneira como acostumou-se a apreciar este prato nos restaurantes chineses de Londrina. "O problema é que na China ninguém conhece como se faz este prato", queixava-se o ex-todo-poderoso governador do Paraná.
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O maestro Jerzy Szurbak, regente do Coral da Ópera de Varsóvia, que há duas semanas se apresentou em Curitiba, fez questão de levar para a Polônia o comentário que publicamos, contando as dificuldades encontradas para a realização dos dois concertos - inclusive a má vontade do Consulado da República Popular da Polônia. Além do recorte, o maestro fez questão de pedir duas traduções, em inglês e polonês, de O Estado do Paraná.
A propósito: como no Coral estão muitos ucranianos, o repertório aqui apresentado inclui canções tradicionais daquela república soviética.
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Incrível mas verdadeiro: "Aberrações Sexuais de um Cachorro", pornozoografia em cinco semanas de exibição em cinema do "Circuito do Orgasmo" faturou mais do que o Astor, em julho, que lançou filmes do nível de "Cotton Clube", "A Honra do Poderoso Prizzi" e "O Fio da Suspeita". Também pornoapelações como "Experiências Sexuais de um Cavalo" e "Meu Marido, Meu Cavalo" estão entre as grandes bilheterias da temporada. Em compensação, a tentativa de que João Aracheski fez de programar reprises de clássicos e lançamentos de filmes-de-arte no Itália fracassou. Depois das baixas rendas de "Casablanca", "Roma de Fellini" e "Quanto Mais Quente Melhor" - e mesmo de "Prenome: Carmem", de Jean Luc Godard, decidiu reprisar "Rocky III". Resultado: casas lotadas. E há quem fale ainda que o público de Curitiba "é o melhor do País". Que piada!
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A dobradinha que o empresário Irajá Vargas, de Ponta Grossa, candidato a Constituinte, está fazendo com o vereador Algacy Túlio, candidato à Assembléia Legislativa, provoca, involuntariamente, que nas faixas e cartazes, com os dois nomes, surja um terceiro "candidato": Túlio Vargas. Túlio, 56 anos, não quer nem ouvir falar em eleições: sócio de seu rico cunhado, Percy Tamplin, no Sir-Laboratório de Som e Imagem, aposentado do Tribunal de Contas e vários outros rendimentos, lhe dão uma enorme tranquilidade financeira e o fazem um dos grandes contribuintes do Imposto de Renda. Mas Túlio não está apenas usando as delícias da aposentadoria: quer coordenar uma série de livros sobre empresários de sucesso no Paraná, editados pelo grupo Bamerindus, através da Umuarama.
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Luis Oliveira Mello, cortado da chapa dos candidatos a Assembléia do PMDB, parece que não quer perder os espaços pintados nos muros da cidade. Em alguns, mandou acrescentar: "Volto logo - para trabalhar por Curitiba". "O Gordo" Mello é candidato declarado à Câmara Municipal e quer chegar à Prefeitura. Afinal, seu avô, o brabo engenheiro João Moreira Garcez, ali ficou por mais de 10 anos.
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Enquanto o Gordo Mello preocupa-se com política, seu irmão caçula, o médico Chico Mello, quer mesmo é fazer música. E música de vanguarda. Dia 16, na Sala Scabi, com patrocínio do Goethe, Chico e mais alguns colegas - Luis Felipe Klein, Jamil Bark, Luiz Marcelo Lavalle, Ana Laura Souza Pinto, Norton Dudeque, Orlando Cesar Fraga, Lino Hoffman Filho, Marco Salvador Donato e Carmos Bartolini, estarão apresentando propostas inovadoras, incluindo "Humoresques", de Henrique de Curitiba; "Debaixo do Dedo", do próprio Chico e o "Diálogo", do padre José Penalva. Na segunda parte, um "tape concert" com obras de Asmus Tietchens, 39 anos, que representa a vanguarda na República Federal da Alemanha.
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