Geléia Geral
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de agosto de 1986
Catapultados pela recente temporada que Tony Bennett, (Anthony Dominick Benedetto, Nova Iorque, 1926), fez pelo Brasil, três dos seus discos estão nas lojas. Dois são reedições mas sempre válidos para quem só agora está descobrindo a beleza da voz deste legítimo herdeiro vocal de Sinatra: "Tony Bennett Sings..." (Lup Som/Polygram), traz duas músicas brasileiras - "Minha" (All Mine, Francis Hime/Ruy Guerra, em versão de Levingston/Evans) e "Travessia" (Bridges), de Milton Nascimento/Brant (versão de Gene Lees).
As demais são clássicos de todos os tempos, como "As Time Goes By" (Herman Hupfeld), "I Used To Be Color Blind" (Irving Berlin), "Experiment" (Cole Porter), "Reflections" (Ellington) e "This Funny World" (Rodgers/Hart). No mesmo esquema de temas conhecidos é "Greatest Hits" (CBS) no qual também há ao menos um hit nacional ("Insensatez", Vinícius/Jobim) - embora em seus shows Tony não tenha cantado músicas brasileiras, preferindo as canções de seu novo - e esplêndido - álbum - "The Art of Excellence" (CBS), produção de Ettore Stratta e Danny Bennett. Um álbum excelente, com grande orquestra sob regência de Jorge Calandrelli, mais seu excelente trio dirigido pelo pianista Ralph Sharon. Esplêndidas novas canções como "Forget The Woman" (Stratta/Whyte), "Why Do People Fall In Love" (Lambert/Porter), "Everybody Has The Blues" (James Taylor), estão ao lado de canções especialmente ajustadas ao seu estilo romântico - como "City Of The Angels" (Fred Astaire/T. Wollf) ou "I Got Lost In Her Arms" (Irving Berlin).
Participações especiais como de Ray Charles (nos vocais e piano, de sua composição "Every body has the blues"), valorizam extraordinariamente este belíssimo álbum - candidato forte a figurar entre os 10 melhores discos internacionais de 1986.
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Lou Reed, chega ao 21º lp de sua carreira ("Mistral", RCA), no qual, com apenas três músicos - ele, Saunders e Sammy Meredino - reúne o "dark" do Reed dos anos 60/70 a um otimismo da década de 80. Com o grupo Velvet Underground, Reed foi o precursor e base do punk/new wave. Em contraposição ao movimento hippie, que tinha como lema "paz e amor", Reed e seu grupo traduziram em som a verdade crua das cidades, o poder opressor e o desespero da morte. Depois de sucessos com o Velvet Underground, Reed abandonou o grupo e foi viver numa fazenda, fazendo álbuns solos, sendo seu "Transformer" (72) produzido por David Bowie.
Amadurecendo nos discos que se sucederam ("Take No Prisoners", "The Bals" e "Growing Up In Public", em 83 aparecia com um "Legendary Hearts" e, há dois anos com "New Sensations". Agora, comemorando 20 anos de carreira, um novo e vigoroso disco, com canções críticas como "No Money Dow" e "Video Violence".
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Outro grupo com 7 anos de estrada que está voltando: "Madness". Como diz Maurício Valladares, apresentando seu novo disco (RCA), lembra que dos grupos que surgiram após o punk e o reggae, o Madness está entre os mais interessantes. Com um detalhe": seus 7 integrantes eram todos brancos e que algum deles mantinha ligações com o National Front - a ultradireita inlgesa. Surgindo em Londres, foram consumidos musicalmente por um público jovem - mas trazendo também algumas conotações sociais nas letras de suas músicas. Só agora, entretanto, o Madness começa a ser mais conhecido do Brasil - e, diz Valladares, que "a música já não apresenta os mesmos pontos de partida de sete anos atrás".
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