Walter Costa, o candidato que a política assassinou
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 19 de abril de 1990
Uma pauta para a editoria política seria a de levantar os homens que poderiam ter chegado ao governo do Paraná - ou ao menos influenciado em funções mais elevadas - se fatalidades, imprevistos e choques de percurso não os tivessem retirado, muitas vezes dramaticamente, das rotas políticas.
Walter Guimarães da Costa (São Jerônimo da Serra, Paraná, 14/10/1922 - 31/12/1957) é um exemplo.
Filho de agricultores, origem das mais humildes, há 34 anos passados era uma das mais destacadas lideranças políticas do Norte do Paraná, de tal forma que havia sido o nome escolhido pelo PTB para formar a chapa, como suplente ao Senado, com Odilon de Souza Naves. Este, liderança que cresceu a partir de 1949/50, era o imbatível candidato do PTB para vencer o governo do Estado.
Souza Naves morreria de enfarte, na Sociedade Morgenau, em outubro de 1959. Dois anos antes, Walter Guimarães da Costa tinha sido assassinado no interior da agência do Banco do Estado do Paraná, em São Jerônimo da Serra, num crime político em que os dois pistoleiros, no julgamento realizado em Ponta Grossa, acabaram absolvidos - num escândalo que revoltou a todos.
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Agricultor como seu pai, Walter morou em Curitiba alguns anos - prestando serviço militar e fazendo curso médio, mas voltaria a sua cidade de origem, trabalhando no cultivo da pequena área deixada pelo seu pai - que morreu quando ele tinha oito anos. Ativo e benquisto, tornou-se um líder natural e foi um dos fundadores do Partido Trabalhista Brasileiro, quando começou a sentir a violência dos adversários da região, especialmente do PSD e da UDN, inclusive com invasões em sua casa. O que não o assustou e o fez candidatar-se à Prefeitura, com uma vitória massacrante. Bom administrador, com visão dos problemas agrícolas do município, fez uma administração tão marcante que seu prestígio subiu em escala estadual, merecendo admiração de políticos como Souza Naves, Mário de Barros, Cid Campelo, Mello Braga e até João Goulart.
Íntegro e leal - recusou a secretaria da Agricultura, a convite de Moyses Lupion (que, como bom político, via sua estrela ascendente para continuar no PTB, seu nome havia sido a escolha natural para a suplência de Souza Naves ao Senado).
Entretanto, a política da época era ainda na base da violência, da intimidação. E por ser um homem corajoso, dispensando segurança, Walter acabou assassinado, de forma covarde, por dois pistoleiros de aluguel.
Um de seus amigos, Nelson Maculan, o substituiria como suplente ao Senado em 1958 - e depois como candidato do PTB ao governo do Paraná. Ney Braga, entretanto, venceria as eleições.
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Casado com dona Terezinha Moraes Costa, Walter deixou quatro filhos - José Joaquim, juiz titular da Vara do Crime em São José dos Pinhais; Hildegard, jornalista, assessora da área de comunicação da Secretaria da Cultura; Márcia, psicóloga, e Cláudio Manuel da Costa, 42 anos, jornalista, colunista de "O Estado do Paraná".
Cláudio, que sempre desenvolveu um trabalho profissional dos mais coerentes, vem sendo assediado por amigos e mesmo velhos correligionários de seu pai, a retomar a tocha política e disputar uma vaga na Assembléia Legislativa neste ano. Até agora, ainda não se decidiu, mas, inclusive como uma homenagem ao pai, que perdeu quando tinha 3 anos de idade, está propenso a aceitar o desafio.
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