Oscar, titio sexagenário (I)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 05 de abril de 1988
Até o final dos anos 60 só mesmo as pessoas muito, muito, ligadas ao cinema é que acompanhavam as premiações do Oscar. Folheando-se coleções de jornais, mesmo as publicações da chamada grande imprensa, nota-se que a cobertura da festa de entrega dos dourados troféus era mínima. Os filmes chegavam meses depois, sem maior aproveitamento - em termos de público - dos troféus conquistados. É bem verdade que, então, o cinema tinha um público tão forte que independia de atrações extras para conseguir boas bilheterias.
A partir das transmissões da iluminada festa de entrega dos Oscars via satélite, atingindo o maior público do mundo, o interesse começou a aumentar. Hoje a televisão tem no Oscar um dos grandes momentos anuais - de tal forma que outras festas, como a Grammy (e por que não, o Tony, o Oscar do teatro americano), começam a ter sua retransmissão total. Aliás, a festa do Oscar francês - o Cesar, chega já em muitos países e não será surpresa se em 1989/90 tiver ao menos um compacto em nossos vídeos.
Com a transformação do Oscar num super-show, as distribuidoras tiveram que apressar os seus lançamentos e ao menos os filmes ligados as principais nominations já estão nas telas - ou chegando.
Dos cinco candidatos ao Oscar de melhor filme, três estão em cartaz na cidade -"Atração Fatal" (Lido I), "Nos Bastidores da Notícia" (Plaza), e "Feitiço da Lua" (Condor), enquanto os outros dois - "O Último Imperador" e "Esperança e Glória" estreiam também nos próximos dias.
Nestes filmes também estão muitos dos indicados a ator, atriz, direção. "O Império do Sol", de Spielberg - seis indicações, mas nenhuma na categoria principal - também está em exibição (Astor/Cinema I), enquanto que "Um Grito de Liberdade", de Richard Attenborough (3 indicações) chegará logo no Lido I.
Portanto, justo que se abra um espaço maior para falar destes filmes que lançados nos cinemas provocam algo raro nos últimos anos: salas cheias e longas filas de espectadores que, afinal, deixam o vídeo-teipe para ver, na beleza da tela ampla, os grandes filmes do ano.
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