As Primeiras Gravações (I)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 04 de outubro de 1974
Quando insistimos em destacar o trabalho de Mauricio Quadrio dentro da Phonogram é que raramente o esforço de um produtor obtem o merecido destaque, sobrepujado pelos nomes dos compositores e intérpretes. E no caso de Quadrio, a música brasileira muito lhe deve. Nascido e criado na Itália, onde estudou música e começou a trabalhar em rádio, desde que chegou ao Brasil - há mais de 20 anos, vem dando uma contribuição efetiva na melhoria das programações das rádios - ex-diretor das rádios Globo em Jornal do Brasil, até hoje produtor de um dos programas de maior audiência da rádio MEC, e, principalmente, como produtor fonográfico. Na Phonogram, chefiando projetos especiais, Quadrio tem sido um dos responsáveis diretos pela fase de prosperidade que a poderosa gravadora atravessa sob a gerência-geral do franco-brasileiro André Midani.
Provando há 3 anos atrás a existência de um público interessado em música clássica, Quadrio garantiu as expressivas vendas de caras e sofisticadas coleções como os projetos Mozart (70 lps) e Beethoven (40 lps), preparando agora o audacioso projeto Bach. Mais de 100 lps de música clássica, lançados em 1972/73, provaram que o público brasileiro não tem medo de música clássica, muito pelo contrário! Quadrio não parou na música clássica: reeditou velhas matrizes na indispensável série "No Tempo dos Bons Tempos" (que merece uma continuidade), com o lançamento da "jazz History" (14 albuns duplos já lançados, mais seis até o final do ano) iniciou uma fabulosa abertura para o jazz; fez uma reedição das melhores gravações da Elenco ("Edições Históricas"), entre outras coleções marcantes. Na música dita clássica, após várias coleções importantes, ("Os Clássicos Mais Populares de Todos os Tempos", Mauricio fez este ano um novo - e como todos os seus trabalhos anteriores, excelente - projeto: uma série de luxo, em lps lacrados, [extraordinária] qualidade técnica, [belíssimas] apresentações, chamada "1ª Gravação Mundial", colocando no Brasil peças que só agora estão aparecendo em todo o mundo. Uma série da maior importância para quem aprecia a música erudita - público dos mais numerosos e de bom poder aquisitivo, o que dispensa maiores dados a respeito de cada uma das gravações. Aqui, inciamos hoje o registro destes lançamentos - como sempre buscando especialmente informar os leitores interessados em saber o que existe de importante na fonografia.
Robert Schulmann (1810-1856)
- Com a Nova Orquestra Filarmônica, sob regência do regente israelense Eliabu Inbal, 38 anos, desde setembro último regente da Orquestra Sinfônica da Rádio de Hesse, em Frankfurt, temos duas sinfonias de Schumann, até agora inéditas em gravações: a nº 3 em mi bemol, Opus 97 ("Renana"), e a "Sinfonia em Sol Menor", "Zwickau" (inacabada), agora, pela primeira vez registradas em disco.
Coroação de Napoleão - Todos quantos se interessam pelas horas célebres da história da França conhecem - graças, apenas, ao quadro de David - os principais momentos da cerimônia de 2 de dezembro de 1804 em Notre-Dame, quando Napoleão Bonaparte foi coroado Imperador da França. Mas até agora ninguém havia podido ouvir uma só nota da Missa e do Te Deum que Paisiello compôs especialmente para a ocasião. E estas peças de Giovanni Paisiello (1740-1816), mais a Missa da Coroação de Jean-François Le Sueur (1760-1837), que apresentadas em orquestrações de Jean Thilde, com Pierre Cochereau no grande órgão da Igreja de Notre-Dame de Paris, estão neste lp precioso, que aparece agora no Brasil, simultaneamente a sua edição na França.
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