Sociologia Musical
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 15 de julho de 1976
Entre os méritos do franco-brasileiro André Midani, que após dirigir por quase dez anos a Phonogram, transformando-a numa das três maiores empresas fonográficas no Brasil, está agora implantando a Warner Brothers Records - está o de acreditar numa técnica comercial relativamente nova, qual seja a do marketing. Assim, dentro da Phonogram, tão (ou mais) importante do que a palavra do diretor artístico, é a do diretor de vendas, homens que através de viagens periódicas por todo o País e detalhados relatórios de seus representantes (no Paraná, o eficiente e experiente Roberto Berro) tem dia a dia, o comportamento do público comprador de discos, tendências e perspectivas do mercado. Isso permite a Phonogram dar tiros certos, conseguindo faturamentos expressivos (em junho, só no Paraná, faturou mais de Cr$ 1.000.000,00) e ter um catálogo dos mais ecléticos. Para equilibrar os lançamentos do maior significado cultural - como a série clássica ou a "Jazz History" que, com bom gosto o diretor de projetos especiais, Maurício Quadrio, produz, há discos comerciais, com cantores e compositores que garantem, junto as faixas "b" e "c", incríveis faturamentos. O que explica, por exemplo, a atenção que a fábrica dá, através de seu selo Polydor, a cantores como Odair José, Cesar Sampaio, Balthazar e Jean Marcel, como novos elepês lançados recentemente. São discos que tem que ser apreciados mais do ponto de vista sociológico do que musical, pois representam produtos destinados a uma faixa de consumo que sem possuir cultura e informação para adquirir os criadores da classe A (Chico Buarque, Antonio Carlos Jobim, baianos, etc.), também, por preconceito, despreza a música sertaneja (faixa em que a Phonogram não atua), preferindo assim o bolerão, as versões, a chamada "música de zona", com temas dramáticos (em suas letras, arranjos e interpretações estandartizados, mas numa embalagem de resultados comerciais seguros (continua).
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