Login do usuário

Aramis

Aqui, Jazz (I)

José Domingos Raffaelli, um dos homens que melhor conhece jazz no Brasil está iniciando um livro sobre Miles Davis, que um corajoso editor pretende lançar junto com uma revista sobre este gênero musical. Essa noticia de certa forma vem mostrar que o esforço que algumas gravadoras vem fazendo, nos últimos anos, em editar bons álbuns de jazz começa a apresentar resultados. Aquilo que, há 10 anos, era um risco assustador, hoje já é uma programação com bons resultados comerciais. Maurício Quadrio, a quem a fonografia tanto deve, provou com duas coleções magnificas - "Jazz History" e "Jazz Master", mais o lançamento no Brasil dos álbuns produzidos por Norman Granz, para a Pablo, a existência de um amplo mercado. Hoje, na Odeon. Quadrio continua a fazer lançamentos excelentes, como a série de 15 volumes, da Capitol, enquanto a Phonogram da seqüência aos seus protestos, com a "Emarcy Jazz Séries". Outras gravadoras também entram no mercado - como a Continental, reeditando via Phonodisc, o excelente catalogo da CTI, de Creed Taylor, originalmente aqui colocado pela Top Tap (1972/73), a Copacabana, com o catalogo da Blue Note, a CBS, RCA Victor e RGE, com lançamentos eventuais, alem da brava Imagem de Janas Silva, pioneira no campo, que por sinal conseguiu uma nova representação jazzistica - a Muse. Hoje, dedicamos nosso espaço a alguns registros jazzisticos, em anotações rápidas, sem a profundidade que um expert como Raffaela seria capaz de dar, apenas para orientação de nossos leitores, sobre o que de bom apareceu no mercado, recentemente. TECLADOS Falecido há 3 anos, o grande Duke Ellington (1899-1975) talvez um dos mais criativos jazzman de todos os tempos, continua a ter registros que deixou para Norman Granz, lançados em discos indispensáveis a quem sabe curtir o que há de melhor na musica contemporânea. É o caso deste "This One's For Blanton" (Pablo/Phonogran, 2310-721, 1977), unicamente com Ellington ao piano e o extraordinário Ray Brown (Pittsburg, 13/10/1926), ao baixo, numa sessão registrada no final de 1972, em Las Vegas, onde no lado A, temos quatro temas de Ellington - "Do Nothin Till You Hear From Me", "Pitter Panther Patter", "Things Ain't What They Used To Be" e "Sophisticated Lady", e uma composição da grande cantora Ma Rainey (Gertrude Malisa Pridgett, 1886-1939) - "See See Rider". No lado 2, um trabalho bem mais pretensioso de Ellington e Brown: "Fragmented Suite for Piano and Bass", em quatro movimentos. Outro pianista extraordinário, o canadense Oscar Peterson (Montreal, 15-8-1925), que teve sua excelente produção feita na Alemanha, aqui editada pela extinta Basf, pode ser ouvido ao lado do trompetista Roy Eldridge (Pittsburg, 30.1.1911), num registro feito a 8.12.1974, em Los Angeles, com os temas "Little Jazz", "She s Funny That Way", "The Way You Look Tonight", "Sunday", "Bad Itat Blues", "Beethween" The Devil and the Deep Blue Sea" e "Blues for Chu", num LP Pablo, aqui editado pela Phonogram. A recente excursão de Dave Brubeck e seus filhos ao Brasil, motivou o aparecimento de três álbuns deste pianista e compositor, nascido na Califórnia, 6.12.1920: um duplo da CBS ("Especial The Dave Brubeck Quartet"), onde o especialista Paulo Santos, montou da extensa discografia de Brubeck naquela fábrica, as faixas mais antológicas como "Take Five", "Someday My Prince Will Come", "Countdown", "World's Fair", "Blue Rondo A La Turke" etc. Para quem deseja uma audição panorâmica da obra de Brubeck indispensável este lp, gravado basicamente com a participação do saxofonista Paul Desmond (1824-1977), cujo sopro inconfundível também pode ser ouvido no álbum duplo "25yh Year" (Horizon/Odeon) e no simples "Dave Brubeck" (Imagem 5078), onde também atuam o baixista Norman Bates e Joe Dodge, em faixas não incluídas nos outros 2 discos, incluindo "Love Walke In" de Gershwin e a inesquecível "Lover Come Back To Me" (Sigmundo Romberg-Oscar Hammerstein).Herone Ilancock (Chicago, 12.4.1940), esta entre os maiores virtuoses do teclado se da composição) aparecidos nos anos 60 e que confirmou seu talento nesta década. Da trilha sonora de "Blow Up"(1966, de Michelangelo Antonione( aos mais recentes trabalhos, na fusão jazz-rock-afro, Hancock e um tecladista da maior voltagem. Dois discos gravados há alguns anos, na Blue Note, aparecem agora no Brasil, através da Copacabana: "The Prisioner" e "My Point Of View". Em "The Prisioner", acompanhado por Johnny Coles, Joe Henderson, Garnett Brown, nos metais: Buster Willians no baixo: Albert Heath na bateria e Hubert Laws, na flauta, entre outros, Hancock executa "I Have A Dream", "The Prisioner", "He Who Lives In Fear" e "Promisse of the Sun", todos de sua autoria e mais "Firewater" (C. B. Willians), Já "My Point of Wiew", com outra formação instrumental - Donald Byrd, no pistão: Grachan Moncur II, no trombone: Hank Mobley, no sax-tenor: Grant Green, na guitarra; Chuck Israel no baixo e Anthony Willians, na bateria, Hancock desenvolve cinco outros temas próprios; "Blind Man, Blind Man", "A Tribute To Some one", "King Cobra", "The Pleasure Is Mine" e "And Waht I Don't". O vibrafonista Milt Jackson (Detroit, 1.1.1923), depois de integrar os melhores grupos jazzisticos dos anos 40/50 - Dizzy Gillespie, Woody Hermann, Thelonious Monk, etc., formou o Modern Jazz Quartet, em 1954, mas nos últimos anos, com o relativo esfacelamento do MJQ (divergências entre seus integrantes, fazem com que o grupo atue muito irregularmente) vem fazendo registros com outros músicos. "The Big 3" (Pablo/Phonogram, 2310757, 1977), registrado em Los Angeles, a 25.8.1975, traz Jackson, junto com o guitarrista Joe Pass (Joseph Anthony Pasalaqua, New Jersey, 1.1.1929) e o baixista Ray Brown, numa seleção de 8 temas, incluindo uma homenagem a Django Reinhardt (1910-1953), o mais antológico guitarrista do jazz, com a gravação de seu "Nuages", "Wave", de Antonio Carlos Jobim, também foi lembrado, bem como Ellington ("Come Sunday", o inesquecível "Moonglow" (Hudson/De Lagen, tema principal de "Férias de Amor/ Picnic", 55, de Joshua Logan), entre composições do próprio Jackson: "The Pink Panther"(não confundir com a música de Henry Mancine, com o mesmo título) e "Blues For Sammy". Jimmy Smith (James Oscar Smith, Narristown, 8.12.1925), e um dos organistas que tem maior numero de discos na Blue Note. Talvez por isto que a Copacabana, depois de ter lançado três de seus álbuns no ano passado, colocou agora, em sua penúltima fornada, mais cinco discos no mercado nacional. Prato cheio para quem curte as musicas e, principalmente, o órgão de Smith, acompanhado de diversos instrumentistas - Thornel Schwartz (guitarra), Donald Bailey (bateria) Percy France (sax-tenor), Kenny Burell Quentin Warren (guitarras), nos lps "The Incredible", "Home Cookin", "Crazyl Baby", "A New Satar A New Wound", e, naquele nos parece, o melhor da série - "Plays Fats Waller", homenagem ao Fats (Thomas Waller) (New York, 1904 - Kansas City, 1943).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
27
21/05/1978

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br