Rádio e TV vão ter seu museu
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 23 de agosto de 1984
IRONIA do destino: na noite de segunda-feira, numa reunião em que se tratava da implantação do Museu da Comunicação, o prefeito Maurício Fruet, pessoalmente, relacionou mais de 150 nomes de profissionais do passado e do presente do rádio e televisão no Paraná, que serão convidados para o lançamento do projeto. E entre os nomes agendados Mauricio destacou o de Martins Rebelatto, veterano profissional do rádio paranaense, companheiro de prefixos nos tempos em que o nosso alcaide era vibrante repórter esportivo. Poucas horas depois, vítima de derrame cerebral, morria Martins Rebelatto, sepultado na tarde de terça-feira.
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Desde que assumiu a Prefeitura, Mauricio Fruet está preocupado em implantar o Museu da Comunicação. Inicialmente se falou em "Museu do Rádio", mas como a nossa televisão está às vésperas de suas bodas de prata e tem sua história, a unidade se ampliará para "da Comunicação"- Abrangerá assim, também, peças e registros ligados a outras formas de divulgação, inclusive os serviços de alto-falante; pois foram neles que muitos locutores e sonoplastas se iniciaram profissionalmente.
No dia 3 de setembro, no Salão Nobre da Prefeitura, Maurício rencontrará mais de uma centena de homens e mulheres que atuaram em todos os prefixos de rádio e nos três canais de televisão da cidade. Uma reunião informal, para troca de idéias a respeito do futuro Museu da Comunicaçãao - projeto a ser desenvolvido pela Fundação Cultural de Curitiba, incluindo a reativação da pesquisa sobre a história do rádio e televisão no Paraná. Este trabalho foi idealizado pelo jornalista e radialista Marcus Aurelio de Castro, quando chefe da Comunicação Social, atendendo a uma reivindicação da Associação dos Proprietários de Emissoras do Paraná, já que inexiste qualquer trabalho documentando a evolução do rádio e da televisão em nosso Estado. Inclusive nos cursos de comunicação, praticamente, não é dada qualquer informação aos futuros comunicólogos sobre os primórdios do rádio no Paraná - embora a Clube Paranaense, fundada em maio de 1924, tenha sido a terceira mais antiga emissora do País.
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Na residência de Osny Bermudes, 54 anos, mais de 30 de atividades ligadas ao rádio e a televisão (desde seus juvenis tempos do serviço de alto-falante da Associação dos Alunos do Colégio Santa maria), o prefeito Maurício Fruet, o presidente da FCC, Carlos Frederico Marés de Sousa e a diretora da Casa da Memória, professora Regina Walbach, estudaram a implantação do Museu da Comunicação. O local não poderia ser mais apropriado: ao longo de sua vida profissional, Osny reuniu fotografias, recortes de jornais, e diferentes peças ligadas ao rádio (aparelhos receptores, microfones, mesas de som etc), que faz possuir de um acervo precioso - e que poderá se integrar ao futuro Museu da Comunicação. Outro veterano radialista, Azor Silva - que durante anos atuou na antiga Rádio Emissora Paranaense (depois Universo e hoje Apolo), está trabalhando no recolhimento de informações para o projeto que visa resgatar a memória das comunicações no Paraná.
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Maurício Fruet - a exemplo de tantos outros políticos de sucesso (até Ronald Reagan foi locutor em sua juventude) - orgulha-se de seu passado radiofônico. Em seu constante bom humor, tem um repertório de estórias deliciosas sobre os tempos pioneiros em que o rádio tinha grande força junto a opinião pública no Paraná. A implantação do Museu da Comunicação e um levantamento de sua história do Paraná se constituirá numa preciosa iniciativa para se compreender melhor a participação dos comunicadores radiofônicos (e posteriormente da televisão) na comunidade paranaense. A época dos grandes programas de - auditório, as produções montadas, as novelas, o advento do jornalismo radiofônico, até os dias atuais - com faixas específicas de audiência e uma nova sistemática na exploração radiofônica, especialmente com a época das FMs, constitui material para pesquisas e estudos.
Ao mesmo tempo se fará justiça a tantos profissionais que participaram dos anos 30 a 60 do rádio curitibano e, posteriormente, os pioneiros da televisão. Na terça-feira noticiávamos a morte de Mano Bastos, esquecido e magoado, em Porto Alegre. Voltamos agora para registrar a morte de Martins Rebelatto - cuja ausência de um depoimento priva a história de importantes informações. Assim como já se foram Moraes Fernandes, Souza Moreno e Aluisio Finzeto, entre tantos outros, Muitos deixaram Curitiba e hoje estão em locais incertos - como Romualdo Oasaluk, produtor dos mais ativos na TV Paranaense em sua fase de pioneirismo. Enfim, a idéia de valorizar o rádio e a televisão não poderia ser mais oportuna. E necessária.
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Maurício Fruet, prático e objetivo, já marcou uma data para a implantação oficial do Museu da Comunicação - independente de sua localização (ainda não definida): 21 de setembro. Por uma razão óbvia: é o Dia do Radialista.
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