Uma noite de "radio days"
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 04 de outubro de 1987
João Lydio (Didiê) Seiller Bettega e William Sade estampavam um sorriso dentifrício após a sessão especial de "A Era do Rádio", na noite de quarta-feira, 30, no auditório Alcides Munhoz do Clube Curitibano. Identificaram durante a projeção do emotivo filme os 35 maravilhosos temas que Woody Allen e Dick Hyman escolheram para a sua trilha sonora. William Sade, 46 anos, um dos mais criativos homens do rádio e da televisão no Paraná em sua juventude - hoje um próspero empresário no setor de bijuterias - comentava:
- "Afinal, as músicas que Allen escolheu eram do tempo em que a melodia permanecia. E ficavam para sempre".
Didiê Bettega, 54 anos, radialista desde os 15, diretor do grupo Caiobá/Ouro Verde/FM, e um dos maiores experts em música americana, identificou até uma incoerência na trilha: o uso (em várias seqüências) de "September Song" fugiu da ordem cronológica em que os standards sonoros foram utilizados. Afinal, a ação de "Radio Days" encerra na noite de ano novo de 1943 e a clássica composição de Kurt Weill (1900-1950) e Maxwell Anderson (1888-1959) só apareceria três anos depois. Conhecimento musical é isto aí!
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Uma reunião emotiva, na qual velhos radialistas se reencontraram no coquetel que antecedeu a projeção de "Radio Days". Osny Bermudes, generoso como sempre, levou alguns dos receptores e painéis fotográficos que integram o seu museu particular, memória de nossa radiofonia que o ex-prefeito e hoje constituinte Maurício Fruet desejou, sem êxito oficializar. Um pioneiro microfone sem fio, usado nas transmissões esportivas da Marumby por Raul Mazza do Nascimento, era uma das peças mais apreciadas - provocando nostálgicas reminiscências.
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Mário Vendramel, 54 anos, único dos integrantes da época dos programas de palco-auditório da pioneira PRB-2, a se manter na atividade - hoje fazendo programas de auditório na televisão e no Interior - sempre acompanhado de suas apetitosas "Vendrametes", foi o mestre-de-cerimônias da nostálgica sessão. Foi ao palco e fez questão de mencionar todos os presentes, entre veteranos da antiga Rádio Marumby, Clube Paranaense, Guairacá e mesmo Colombo e Ouro Verde - representada por Felipe Engler e Didiê Bettega. Um clima descontraído e de bom humor, ao qual outro pioneiro Ubiratam Lustosa, acrescentou a sua comunicação, ele que hoje dirige a Clube Parananense. Antes da "película" (como classificou Vendramel) ser projetada, Alcides Vasconcelos foi ao palco para lembrar os companheiros já falecidos - de Aluísio Finzetto a Moisés Itzcovitch e Umberto Lavalle (que morreram há poucas semanas).
Domício Pedroso, diretor cultural e a quem se deve a sessão - e o presidente do Curitibano, Ricardo Cravo, prometeram para 21 de setembro de 1988, uma comemoração maior em homenagem aos radialistas. Mas antes que as imagens do filme de Allen chegassem à tela, o comentarista esportivo Lombardi Júnior pediu a palavra e falou longamente. Do radiojornalismo nos esportes nos anos 70.
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