Refilmagem de "Stella Dallas" é o cartaz
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de julho de 1992
Apenas três estréias na semana - e a que parece ser mais interessante - "Stella, Uma Prova de Amor" - em solitária sessão das 20h30 no distante, frio e quase sempre vazio cine Guarani, no bairro do portão. "Um Estranho Muito Íntimo" (Intimate Stranger), do americano Allan Halzmann (cine Palace Itália) e "A Vingança de Uma Mulher", do francês Jacques Deillon (Luz) são os outros lançamentos.
Dois mestres do cinema americano que mereceram a majestade de seus nomes: Henry King (1892-1982) e King Vidor (1895-1982) se entusiasmaram pelo romance de Olive Higgins, Stella Dallas, uma história que, publicada nos anos 20, era uma precursora das mais dramáticas telenovelas que seriam exploradas no Brasil a partir dos anos 50. Em 1926, quando tinha apenas 34 anos e começava sua carreira, Henry King fazia a primeira versão de "Stella Dallas", que emocionou nossos avós e que, 11 anos depois, já no cinema falado, seria refilmada por King Vidor. Num ano boas produções, nos quais o Oscar de melhor filme foi para "Emile Zola" (de William Dietrle) e Spencer Tracy recebeu o Oscar de melhor ator por "Marujo Intrépido", Barbara Stanwyck (Rubens Stevens, 1907-1990), então no auge de sua carreira (iniciada em 1927), interpretando a personagem título desta refilmagem foi indicada ao Oscar de melhor atriz, mas perdendo para Luise Rainer por sua atuação em "Terra dos Deuses", versão do Cinema do romano de Pearl S. Buck (1892-1973) - num mesmo ano em que concorriam também Greta Garbo ("Dama das Camélias"), Janet Taynor ("Nasce Uma Estrela") e Irene Dunne ("Cupido é Moleque Teimoso"). Só que estes outros filmes foram esquecidos, mas a história da mãe sofredora de sua filha, ficaria como um clássico lacrimogênico - o que a faz ser um dos filmes mais reprisados na televisão. Um sucesso tão grande que em 1990, John Erman atualizou o roteiro e fez uma terceira refilmagem, com a cantriz Bette Midler na personagem-título - agora uma garçonete (profissão, aliás, de personagens de outros filmes emocionantes, como "Loucos de Paixão" a "Frankie & Johnny"), em sua dedicação à filha (interpretada por Trini Alvorada). Apesar de ser, portanto, a refilmagem de uma história conhecidíssima - e ter na cabeça do elenco uma artista de talento, tanto como cantora como em suas interpretações (da comédia ao drama), "Stella, Uma Prova de Amor" está sendo desperdiçado em uma única sessão noturna (20h30) no Guarani, que à tarde, continua reprisando "A Volta do Capitão Gancho".
A Vingança de uma Mulher (La Vengeance D'Une Femme) é mais uma produção francesa, do lote que a Belas Artes se comprometeu a programar para obter os filmes mais importantes. Um drama sobre duas mulheres diante do adultério: Suzy (Beatrice Dalle) e Cecile (Isabelle Hupert). O roteiro foi inspirado no conto de Dostoievski, autor raramente bem aproveitado no cinema. Direção de Jacques Doillon. Exibido no Luz em apenas quatro sessões: 14h15, 17h, 19h15 e 21h30.
Um Estranho Muito Íntimo (Intimate Stranger) com roteiro (Rob Fresco), de tema atual - sexo, prostituição e violência urbana, numa produção modesta, com elenco de nomes desconhecidos: Deborah Harry, como Cory, uma cantora e call-girl, que musicalmente apareceu há 11 anos com a música "Heart of Class", e curiosa a participação de Neal Israel, que já exerceu múltiplas atividades (ator, diretor, produtor, roteirista) e que em "Olhem Quem Está Falando" fez uma ponta. O diretor, Alan Halzman, traz experiência de trabalhos na televisão - programas e filmes, algumas peças encenadas e clips musicais. O fotógrafo (Ilan Rpsemberg) já ganhou algumas premiações, inclusive por trabalhos publicitários (um comercial para Helena Rubinstein, Leão de Bronze, em Cannes). Em exibição no cine Palace Itália.
LEGENDA FOTO 1 - "Um Estranho Muito Íntimo": crimes sexuais.
LEGENDA FOTO 2 - "Stella, uma prova de amor": a mais interessante estréia da semana.
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