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"Romance" de Bianchi volta ao Fest-Berlim

Berlim (De Marcelo Marchioro exclusivo para Tablóide) - Há dois anos, Sergio Bianchi, paranaense de Ponta Grossa, era convidado do Festival de Berlim para a apresentação, em mostra informativa, de seu "Romance", que teve várias cenas rodadas em Curitiba. O filme deve ter agradado aos organizadores deste evento que abre o circuito dos grandes festivais internacionais, pois "Romance" - título que recebeu em alemão - será exibido, na segunda-feira, 19, às 23h, no cine Capitol-Dahlem, numa das muitas mostras paralelas que movimentam desde o dia 9 esta cidade. Na quinta-feira, 15, no mesmo cinema, mas na sessão das 18h30, havia sido apresentado "O Cangaceiro", 1953, de Lima Barreto - que há 37 anos foi o primeiro filme brasileiro a ter projeção num festival internacional - no caso em Veneza, onde ganhou o prêmio de melhor filme de aventuras. Agora, quando se anuncia uma refilmagem do roteiro de Lima Barreto, por seu assistente, Galileu Garcia (que tem vindo constantemente ao Paraná, para fazer filmes e vídeos publicitários na Sir), o épico notwestern, com Alberto Ruschel e os falecidos Marisa Prado e Milton Ribeiro, reaparece nas telas de Berlim. Na segunda-feira, 19 antecipando a apresentação de "Romance" de Bianchi, estão programados um filme do iugoslavo Dusan Mekavejev (diretor de "Montenegro ou Pérola aos Porcos", visto no Brasil, disponível inclusive em vídeo) que, há 19 anos causou polêmicas e nunca chegou ao Brasil: "Misterije Organizma" (Os Mistérios do Orgasmo). E, nas sessões seguintes, três diferentes abordagens do homossexualismo no cinema: "Ta'Dett Som en Mand", 1975, do dinamarquês Mette Knudsen; "Nichet Der Homosexuelle ist pervers, sondern die situation in der erb lebt", 1971, de Rosa von Praunjein e "The Times of Harvey Milk", EUA, 1985, de Robert Epstein - premiado com o Oscar de melhor documentário de longa-metragem há 5 anos passados (mas que mesmo assim permanece inédito no Brasil). "Dias Melhores Virão", de Cacá Diegues - que o Brasil pode ver na Rede Globo, ontem à noite, numa experiência inédita de antecipar no vídeo uma grande produção, disputa hoje na competição oficial, tendo duas projeções - às 16h30 e 21h - devendo, já no domingo ganhar espaço na imprensa internacional - mais de 2 mil jornalistas - que cobrem este festival, com mais de 300 filmes, de todo o mundo, em projeção nas várias salas e que, pela primeira vez, se realiza também em Berlim Oriental. Além de dois curtas brasileiros - o aplaudidíssimo "Ilha das Flores", do gaúcho Jorge Furtado e "O Brinco", de Flávia Moraes - ambos na competição oficial, o Brasil tem ainda mais dois filmes apresentados em mostras paralelas: no dia 14, "São Bernardo", 1972, de Leon Hirzman, foi exibido no Jahre Internationales Forum enquanto "Pixote", 1980, de Hector Babenco, atraiu um grande público em sua única apresentação na quarta-feria. Afinal, Babenco hoje é um cineasta internacionalmente conhecido e houve grande interesse em conhecer sua visão cruel mas realista da infância abandonada do Brasil - neste filme que trouxe o garoto Fernando Ramos da Silva, morto pela polícia paulista há alguns [...], como marginal. Foi a vida imitando a arte - no caso uma arte muito triste. LEGENDA FOTO - "Romance": novamente sendo exibido em Berlim.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
17/02/1990

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