Talento jovem nas cenas em lá maior
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de setembro de 1985
Péricles Gomes, arquiteto, fotógrafo, programador visual e músico, pertence a uma família de arquitetos e artístas. O pai, Elgsom Ribeiro Gomes, projetou mais de 100 edifícios em Curitiba e venceu concursos nacionais. Com os irmãos, sempre formou um afinado e familiar grupo musical. Violoncelista de recursos, integra a Orquestra de Câmara de Blumenau e a Sinfônica do Paraná.
Zélia Brandão, como Péricles, também é de uma família de músicos. Flautista do maior nível, foi, numa questão obscura e até hoje não explicada, marginalizada (e prejudicada) no discutível concurso que selecionou os músicos para a Sinfônica do Paraná. Preterida na orquestra, Zélia tem, entretanto, o reconhecimento e o respeito de todos que conhecem os grandes talentos. Como Norton Morozowicz, ex- professor de Zélia e que, como regente da orquestra de Blumenau não dispensa a colaboração dela.
Ana Soares é bailarina, coreógrafa e atriz. Residindo em Curitiba há alguns anos, já fez trabalhos de bom nível.
Identificados pela juventude, pelo entusiasmo, pelo talento e pela vontade de fazer algo de novo, capaz de romper com o marasmo, o comercialismo e a mediocridade que vêm, infelizmente, caracterizando as atividades artísticas locais, juntaram esforços para um espetáculo que, após quase seis meses de preparação, terá uma única apresentação, segunda-feira próxima, às 21 horas (Auditório Salvador de Ferrante): "Cenas para uma exposição em Lá Menor".
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Criação coletiva, reúne artes plásticas, um audiovisual sobre a história da arte ocidental (a partir da idade média) , estruturadas de maneira cênica e com sólida parte musical. É uma proposta nova e interessante que, de princípio, já merece um crédito de confiança. Afinal, Péricles, Zelinha e Aninha são jovens de boa formação cultural e pensaram bastante nesse projeto, que, realizado com esforços próprios, terá apenas o aval oficial da Funarte na estréia, mas sem que a instituição ajudasse nas despesas de produção.
Com o idealismo de quem ainda acredita na arte - embora independendo, felizmente, das arteriosclerosadas e paquidérmicas "instituições" (sic) culturais da cidade, montaram um espetáculo-proposta com o qual pretendem viajar através de vários Estados.
Talento não falta ao trio. Vamos agora ver o resultado, ao vivo, no palco. Apostamos que será positivo.
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