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Aramis

Teclados renovadores de Lyle Mays e Ahmad

Paralelamente ao melhor jazz tradicional, com nomes consagrados, há também momentos renovadores da música instrumental, com gente na faixa dos 30 anos fazendo propostas fascinantes. Um exemplo é Lyle Mays (Wisconsin, 27/11/53), conhecido até agora como tecladista do conjunto de Pat Matheny, mas que mostra amplas condições para fazer seus vôos solos. Após ter dividido com o guitarrista Matheny a belíssima trilha do filme "A Traição do Gavião" (editada no Brasil, no ano passado, pela EMI-Odeon), Lyle fez seu lp solo (com a participação de músicos contemporâneos - a maioria dos quais já tem como ele se apresentado em clubes e concertos - como o baixista Marc Johnson (que fez parte do último grupo de Bill Evans e o acompanhou, inclusive, em Curitiba). O percussinista e vocalista brasileiro Naná Vasconcelos, por 3 anos integrante do Pat Mattheny Group, dá um ritmo intenso a este disco de idéias renovadoras, nos quais se destacam o saxofonista Billy Drews, guitarrista Bill Friesell e baterista Alex Acuna. Formado Basicamente por um repertório desenvolvido (e testado) em concertos (como o que fez em Montreal, julho/84), o álbum mescla as sonoridades dos diversos teclados utilizados por Mays - fundindo o jazz com outras linguagens, inclusive a "folk" escocesa e as escalas japonesas. Um dos momentos mais bonitos está na longa e profunda "Alaskan Suite", em três movimentos - suficiente para fazer deste um álbum marcante. Outro tecladista magnífico, que pode ser ouvido em trabalho up to date é Ahmad Jamal (Pittsburgh, 2/7/1930), que após seu apaixonante "Digital Works", álbum duplo lançado há poucos meses (e com boa resposta de público), em "Rossiter Road" (WEA) faz um trabalho imperdível, tanto a nível de performance quanto em termos composicionais, já que sete de suas faixas são de sua autoria. Como, lucidamente, bom amigo Alex Gladstone ("Isto é", 13/8/86) acentuou, nas interpretações de Jamal sente-se cada vez mais diluídas as influências hoje distantes de Eroll Garner e Art Tatum, cedendo lugar à economia de notas típicas de um Count Basie. Como diz Alex, "permeia todo o disco a preeminência do ritmo graças a presença do baterista Herlin Riley Riley e do percussionista Manola Bradena, competentemente auxiliados pelo baixo elétrico de James Cammacko".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
17/08/1986

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