Tina, um caso de marketing musical
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de outubro de 1989
Não há dúvida de que o marketing é que vale e o mundo é cada vez mais a aldeia global prevista por Marshall MacLuhan. Uma prova disto é a mídia internacional que a Capitol fez para o lançamento do novo álbum de Tina Turner ("Foreign Affair") e garantir que o mesmo atinja as top parades ainda mais rapidamente do que "Private Dancer" (1984), que vendeu mais de 11 milhões de cópias.
Desde convites para jornalistas de veículos nacionais irem a Londres e Roma para assistirem as festas de lançamento de "Foreign Affair" até audições, ainda em fita, do novo álbum, antes do mesmo ser lançado no Brasil, em discotheques das principais cidades brasileiras - reunindo jornalistas, DJs, donos de discotheques etc. - foram providenciados. Cobertura maciça na imprensa, execução garantida nas emissoras e amplo material promocional de Tina Turner garantem que as quatro canções do guitarrista Tony Joe White (um grande nome do R & B nos anos 60) - "Steamy Windows", "Foreign Affair", "You Know Who" e "Agent for the Blues" disparem nas execuções.
Jovial apesar dos 51 anos (a serem completados dia 26 de novembro), belíssima e sensual - pernas super valorizadas, atriz de presença em produções especiais como a rainha do ácido na versão para as telas de "Tommy" ou a terceira parte de "Mad Max" ("Além do Trovão Azul"), disputadíssima (e das mais bem pagas) para comerciais - como o da Pepsi, que dividiu com o brasileiro Evandro Mesquita ou para uma marca de tênis, gravado em janeiro/88, quando passou por São Paulo, lotando o Pacaembu, Tina é uma cantriz da moda. Ficaram longe os tempos em que aguentava as surras e a parceria do marido Ike Tuner - que denunciou em sua autobiografia (também um best-seller) e, como Sinatra e Sílvio Caldas já fizeram, chegou até anunciar um afastamento dos palcos - o que, felizmente, não cumpriu.
Seu grande retorno foi há 5 anos, com "Private Dancer" - logo seguido de "Break Every Rule". Também em 1985, Tina dividia com Mike Jagger a histórica gravação de "We Are The World" e fazia "Mad Max; Beyond Thunderdome" ao lado de Mel Gibson - e que embalava em sua trilha sonora o dançante "We Don't Need Another Nero". Em 1986, foi "Break Every", sucessor do multiplatina "Private Dancer" e que saiu simultaneamente a autobiografia "I, Tina" - que, garantem seus agentes, virará filme em 1990, em produção da Touchstone/Walt Disney.
No ano passado, Tina fez uma "turnê mundial de despedida", que arrastou multidões - mas que, pelo visto, não é tão despedida assim. Tanto é que o marketing feito em torno deste "Foreign Affair" já antecipa uma nova tournée, inclusive com passagens pelo Brasil.
Criadora de griffes (as botas que tem o seu designer, são vendidas a US$ 850), no auge de uma carreira na qual soma seu dinamismo e comunicação com um notável processo promocional, Tina tem muito campo pela frente. Da turnê mundial de 86 resultaram dois elepês ao vivo e agora, neste "Foreign Affair" estão além das músicas de Toney Joe White, também faixas como a suave "Be Tender With me Baby" ou "The Best", que tem sido a mais tocada nas Fms. Presenças especiais - como a do guitarrista do Dire Straits, Mark Knofler os maiores requintes de produção e sobretudo muito, muito profissionalismo no processo de massificação de sua imagem fazem, em menos de um mês, que Tina para alegria da EMI/Odeon - que representa a Capitol no Brasil - esteja, seguramente, entre os discos de maior vendagem neste ano.
LEGENDA FOTO - Tina Turner: sexy, vibrante e muito bem promovida em seu novo álbum.
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