Login do usuário

Aramis

Um lp de Laurindo, o jazz de Joe Pass e a vez de Manassés e Hings

Há poucos meses, Laurindo Almeida, gravou para a Concord Jazz - uma das muitas etiquetas americanas sem representação no Brasil - o lp "Chamber Jazz" (Cj-84, Cr$ 800,00 nas lojas importadoras), onde, acompanhado pelo baixista Bob Magnosson e baterista Jeff Hamilton, dá uma notável interpretação a 2 temas de Ernesto Nazareth ("Turuna" e "Odeon") ao lado de "Você e Eu" (Vinícius / Carlos Lyra), entremeado de partes de Bach, Debussy e Chopim, mostrando todo o seu virtuosismo. Aos 53 anos - a serem completados no dia 2 de setembro de 1980, Laurindo de Almeida, paulista de Miracatu, em 1936 já tocava violão nos cassinos da Urca e Atlântico e, desde 1947 mora nos EUA - para onde foi convidado a tocar no filme "A Song Is Born" (posteriormente chegaria a escrever trilhas sonoras para filmes como "Maracaibo", de Cornel Wilde e "Cyr Tough"). A não ser para bissextas visitas a família, Laurindo nunca mais retornou ao Brasil e em 33 anos de EUA, fez uma brilhante carreira, gravando dezenas de discos. Infelizmente, poucos deles aqui foram editados e por isto torna-se importante o lançamento de "Concierto de Aranjuez (Estúdio Eldorado, 18.79.345, dezembro/79) gravado no Gold Star, Los Angeles nos dias 27 e 28 de março de 1978. Por coincidência, um dos poucos outros discos de Laurindo, aqui lançados, foi o que fez com o hoje extinto The Modern Jazz Quartet, e onde a peça-título, era a mesma obra (prima) de Rodrigo. Só que aqui, Laurindo atua em solo, num arranjo de 9:43" de "Aranjuez", seguido de outros clássicos que fazem deste um dos melhores álbuns de violão lançados no ano passado: "The Summer Knows" (Legrand); "Star Dust" (Carmichael / Parish), "Insensatez" (Tom), "Manhã de Carnaval", "Felicidade", "Samba de Orfeu" (Tom / Bonfá), "Fly Me To The Moon" (Howared Bart), "Holiday For Strings" (David Rose) e uma seleção de Gershwin, além de sua própria composição, "Cool Cat Keeps Coat On". Um excelente elepe instrumental, dando possibilidade de se admirar um dos brasileiros que há mais de 30 anos mostra seu talento nos EUA. Joe Pass é hoje um dos mais extraordinários guitarristas de jazz e seus discos têm saído regularmente no Brasil, através das produções de Normam Granz, de Pablo - aqui representada pela Polygram. Após o "Tudo Bem", que fez com o percussionista brasileiro Paulinho da Costa, temos outro notável lp deste ítalo-americano, que foi o grande nome projetado no jazz nos últimos 15 anos: "Portraits of Duke Ellington". Com a participação do baixista Ray Brown e o baterista Bobby Durnham, esta homenagem ao grande Ellington, foi gravada no ano de sua morte: 21/6/1974 e representou, realmente, uma forma de testemunhar aquilo que, com toda correção, escreveu o especialista Benny Green: "algumas das mais famosas canções de Ellington foram inicialmente concebidas em termos estritamente instrumentais para veículos de vários solistas de orquestras. Assim, embora somente tivessem alcançado um público mais amplo, após a adição de versos para interpretações catadas, elas contém uma força melódica, uma beleza que se destaca quando se ouve em interpretações de um trio prefeito como este formado por Pass / Brown / Durnham. A seleção não poderá ser mais perfeita: "Satim Doll", "Sophisticated Lad", "I Got It Bad (And That Ain't Good)", "I A Mellotone", "Solitude", "Don't Get Around Müch Anymore", "Do Nothin'Till You Hear From Me" e "Caravan". xxx Para quem gosta de guitarra ou violão, há opções diversas. A CBS por exemplo, esta oferecendo os primeiros lps solos de Manassés e Sérgio Hingst. Manassés vem numa produção de Raimundo Fagner, que além de compositor-cantor, foi responsável por uma série de excelentes lançamentos de novos artistas em 1979. Dono de um estilo forte, seguro, Manassés mostra composições próprias ("Choro do Jorge", "Valsa", "Olho D'Água"), regrava um dos mais extraordinários temas de Hermeto Paschoal, composto na época do histórico Quarteto Novo ("O Ovo"), mostra adaptações do folclore ("Martelo Agalopado"), composições do próprio Fagner ("Quem Viver Chorará", "Caminho da Roça"), e homenageia Jacob do Bandolim ("Vale Tudo") e a dupla Luiz Gonzaga / Zé Dantas ("Algodão"). Um disco de raízes, forte e vigoroso, de um jovem violonista que domina seu instrumento. Se Manassés é ainda praticamente desconhecido, Sérgio Hings, tem alguns anos de quilometragem, junto com o grupo O Terço, que há 8 anos, acompanhava Marcos Valle.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Música
29
20/01/1980

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br