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Aramis

Aqui, Jazz

[Conseqüência] direta do 1º Festival Internacional do Jazz (São Paulo, 11/18 de setembro/78), uma centena de elepes estão aparecendo nas lojas, oferecendo múltiplas opções aos neofitos deste gênero - tão fascinante as que, até agora, permanecia restrito a uma elite, inclusive pela inexistência de bons discos na praça. A Phonogram, que vem exercendo uma função pioneira, com as séries Jazz History e Jazz Master, prossegue com as produções de Norman Granz, colocando no Brasil os registros feitos ao vivo, pela Pablo, em Montreaux 1077. E a WEA, com um catálogo imenso, englobando todas as tendências do jazz, principalmente na aproximação do jazz-pop consegue ainda ser mais atual, coma edição simultânea de 11 álbuns, três dos quais documentando a participação de instrumentistas brasileiros no recente Festival de Montreaux (julho/78); que teve praticamente uma reedição em São Paulo, Gilberto Gil, o guitarrista Iivinho e grupo A cor do Som tiveram suas atuações em Montreaux, Suíça, registradas e lançadas agora em caprichados lps. Gilberto Gil teve sua histórica apresentação em Montreaux, onde mesmo fazendo pouco jazz e mais de musica elétrica-balançante (destacada pelo excelente percussionista Djalma Correa) registrada nos 2 lps de um volume duplo, onde vai desde "Chuck Berry Fields Forever" até "Mamãe Eu Quero", passando por "Respeita Januário" (Gonzaga/Teixeira) e "Exaltação à Mangueira". Gil em Montreaux teve tanto de Jazz como Taj Mahal ou George Duke em São Paulo, mas que o seu som contagiou o público não resta dúvida! Já Ivino, guitarrista foi uma das sensações naquele Festival, e disto temos uma idéia por este registro ao vivo, onde do lado 2 há um único tema: "Partida dos Lobos", assim como [as] quatro faixas do lado um (Teimosia, Clarão Vermelho, Meditação e Frevo Único), composições próprias. Se Larry Corryel e Philip Catherina foram as sensações do FIJ-São Paulo, Ivino não deixou por menos em Montreaux. Finalmente o grupo A Cor do Som, que surgiu em [ilegível], numa válida experimentação de fusão do choro a uma nova embalagem, capaz de chegar a faixas ainda herméticas a este gênero, em Montreaux atuou com uma liberdade, onde Dadi (baixo), Um (teclados), Armandinno e Aroldo (guitarras), Gustavo (bateria), Ari (percussão), mais as participações especial de André Macedo no surdo, e com arranjo do trio elétrico Dodo e Osmar, para "Eleanor Ragby", garantiram momentos antológicos, em temas como "Dança Saci" e "Espírito Infantil" de Um, ou uma revisitação de "Brejeiro" (Ernesto Nazareth). Paralelamente, a [WEA] distribui também três produções da Bandeirantes, aproveitando a motivação jazzística desta temporada: "Jazz Session Festival" e "Vogue Jazz", reunindo nomes como Ella Fitsgerald, Oscar Peterson, Dizzy Gillespie, do baixista Charles Mingus e do baterista Billy Cobhan são apresentadas em "Cumbas & Jazz Fusion" e "Inner Conflicts", enquanto a coleção That's Jazz, orientada por Claude Nobs, diretor dos festivais de Montreaux e São Paulo, tem seis primeiros volumes que merecerão registros mais demorados em próxima edição. A RCA Victor, normalmente tão econômica em lançamentos jazzísticos, animou-se e colocou na praça 16 históricas faixas gravadas por Dizzy Gillespie (a grande sensação na abertura do FIJ-SP), entre 37/47, numa produção bem acabada. A CBS, dinamizando o seu catálogo jazzística, agora orientado por A. Coutinho/Luís Antunes, expertes no gênero, começa com 10 edições históricas, além de um [ilegível] lp do pianista Jimmie Rowles ("The Peacocks"), que foi um dos grandes destaques no FIJ-SP, na apresentação do Jazz At Philnarmonic. Se tudo isso não bastasse, vem aí a coleção "Jazzology" , com 20 títulos, produção esmerada de Mauricio Quadrio, da Odeon. Enfim, jazz não jaz mais aqui. Ainda bem. Jazz agora vive.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Música
43
01/10/1978

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