Uma Cinemateca verde amarela nas locadoras
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 04 de maio de 1989
Pode ser que não sejam procuradas como seria desejável, mas há muitas opções interessantes de filmes brasileiros nas locadoras. Tendo que cumprir o decreto de reserva de espaço para os filmes nacionais nos pacotes mensais, as distribuidoras buscam o que há de disponível - e assim, pouco a pouco, vamos tendo filmes realizados nos anos 50 a 70, reeditados e que, de outra forma, permaneceriam inéditos, de toda uma nova geração. A questão é, entretanto, que cumprindo o decreto com apenas alguns títulos - em maior número de cópias - egoístas e mercantilistas donos de locadoras, negam-se a comprar ao menos um exemplar de cada filme brasileiro lançado. Em Curitiba, um dos poucos que se preocupa em ter em seus vídeos-clubes todos os lançamentos é Luiz Renato Ribas, que, não é [sem] razão, o grande empresário do setor.
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A Abril Vídeo, por exemplo, criou a coleção Cineclássicos Brasil, com 10 produções da extinta Maritela Cinematográfica, que nos anos 50, lançou filmes interessantíssimos.
Os dois primeiros que saíram são "O Comprador de Fazendas" e "Quem Matou Anabela?", baseado num conto de Monteiro Lobato. Foi fotografado por Aldo Tonti, na época, um dos mais famosos mestres de câmera do mundo (já havia feito "Noites de Cabiria", com Fellini, na Itália). Estrelado por Procópio Ferreira e Henriete Morineau, " Comprador de Fazendas", 1951, direção de Alberto Pieralite, marcou as estréias no cinema de Hélio Souto e Jaime Barcelos. No elenco, estavam também Sérgio Brito, Jackson de Souza (visto recentemente em "Jorge, um Brasileiro) e até, num número musical, Luiz Gonzaga.
Já "Quem Matou Anabela?", 1956, foi dirigido por Didier Akos de Hanza, baseado em livro de Orígenes Lessa. Também estrelado por Procópio Ferreira, tinha a atriz espanhola Ana Esmeralda, mais Jaime Costa, Nidia Lícia, Ruth de Souza, Aurélio Teixeira e, em sua estréia no cinema, Carlos Zara.
A Abril Vídeo está lançando também três outros títulos nacionais mais recentes: "Vai Trabalhar, Vagabundo", de Hugo Carvana; "Contos Eróticos", de Roberto Santos, Roberto Palmari, Eduardo Escorel e Joaquim Pedro de Andrade e "Rádio Pirata", de Lael Oliveira - e que trouxe em sua trilha sonora, Cazuza, cantando a música-tema "Brasil".
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O centenário de nascimento de Charles Spencer Chaplim está motivando relançamentos de seus filmes, uma segunda edição de sua autobiografia pela José Olympio (publicada originalmente há 25 anos), e, naturalmente, também vídeos. No Brasil, mais uma vez coube a esperta Vídeo NetWork conseguir um material precioso: obras que estavam inéditas, e que redescobertas pela família, foram devidamente editadas, com roteiro e produção de Kevin Brownlow e David Gijl, montagem de Trevor Waite, música de Trevor Waite e narração de James Mason (falecido em Lausanne, Suíça, em 27 de julho de 1984, aos 75 anos). Isto prova que embora só agora comercializada no Brasil, esta produção havia sido feita já há alguns anos - esperando, portanto, uma data-gancho para garantir melhor marketing. O que não diminui a importância destes dois vídeos - "O Chaplim que Ninguém Viu" (no primeiro volume, "Meus Anos Mais Felizes", no segundo, "Tesouros Escondidos"), com trechos inéditos de filmagens nunca aproveitadas e que mostram os métodos de trabalho adotados pelo criador de Carlitos. No Disc-Tape já à disposição de um público especial que curta Chaplim e sua arte.
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Bob Clark (New Orleans, 05/08/1941) é um diretor de carreira irregular. Assim como fez "Porky's" - que abriu uma linha de comédias abomináveis, sobre jovens - realizou também a excelente transposição a tela da peça de Bernard Slade, "Tribute" - no Brasil encenada por Paulo Autran. Produção canadense, de 1980, com 125 minutos, é daqueles filmes emotivos e de fácil comunicação: a busca que um envelhecido agente de imprensa da Broadway (Jack Lemmon, em atuação estupenda que lhe valeu a indicação ao Oscar de melhor ator, perdendo para Robert de Niro em "O Touro Indomável") que, sabendo de que se encontra em doença terminal, tenta reconquistar o amor de seu único filho, Jud (Robby Benson). Ao invés do dramalhão, uma comédia fina, sensível e que tem especial interesse para quem curte o teatro americano. Com Lee Remick, como a ex-esposa de Scottie. Um destaque: o músico e cantor Barry Manilow interpreta a canção "We Still Have Time", composta especialmente para este filme. Lançamento NetWork.
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