Vendendo o nosso mate
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 02 de julho de 1976
Por acreditar que, mais do que nunca, é a ocasião de oferecer aos consumidores o mate como outra opção de bebida tipicamente brasileira, o empresário Fernando Fontana, superintendente dos Moinhos Unidos Brasil - Mate, deslanchou ontem, em São Paulo, uma agressiva campanha promocional do produto, destinada a atingir, em sua primeira etapa, os pontos de vendas da capital paulista.
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Aquilo que deveria ser feito pelos 18 grandes produtores de erva mate do Brasil, já que se trata basicamente de promoção basicamente do produto, está sendo financiado exclusivamente por uma indústria. A timidez da classe faz com que se desperdice o momento psicológico apropriado para conseguir modificar um pouco o hábito do consumidor brasileiro, que ao invés dos Cr$ 44,00 o quilo de café, pode adquirir o mate por apenas Cr$ 14,00 o quilo (5 pacotes de 200 gr. a Cr$ 2,80). Trabalhando sobre esses dados - mas sem fazer alusões às diferenças de preços - a Dil, agência de marketing e publicidade de São Paulo, especializada principalmente em promoção de vendas, realizou uma bonita campanha - filme para televisão, outdoors, cartazes, etc. - que começou ontem a aparecer nos veículos de São Paulo.
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São Paulo foi escolhida para o início da campanha porque oferece grande potencial de vendas; mas a campanha - conforme o próprio Fernando Fontana disse, no coquetel no Hotel Eldorado, onde a mesma foi apresentada aos homens de comunicação, será estendida ao Norte do Paraná, Minas Gerais, Rio de Janeiro e até o Rio Grande do Sul.
Reforçando a opinião de Ildefonso Fontana, presidente dos Moinhos Unidos Brasil Mate, o sr. Glauco Furtado, vice-presidente da Comissão Coordenadora das Exportações de Erva Mate do Brasil, acredita que se houvesse um impulso através dos governos federal e estadual, o consumo do mate, internamente, se firmaria em índices muito acima dos atuais. Ao invés dos 8 milhões de quilos consumidos, poderia chegar aos 20 milhões, o que significaria que o mercado se abriria muito e dele poderiam participar todos que se interessassem, dada a sua triplicação ou até quadriplicação.
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Ao mesmo tempo em que procura atingir novos mercados - recentemente foram vendidos US$ 150 mil em mate para a Síria a Moinhos Unidos Brasil Mate quer alcançar maiores vendas no Brasil, em especial nas regiões de potencialidade mas que, por falta de hábito, ainda desconhecem o mate. Fernando Fontana, 38 anos, executivo com cursos nos EUA e larga experiência administrativa em poderosas empresas, trouxe para os Moinhos Unidos uma nova política de marketing, que, em termos práticos, resultou numa agilização de produção e vendas e projetos de grande desenvolvimento.
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A campanha agora iniciada é apenas "a ponta do iceberg", diz Fontana, em termos da estratégia adotada, fazendo com que a sua empresa - com origens em 1834, no imperial "Engenho da Glória" do coronel Caetano José Munhoz, adquirido meio século depois por Francisco Fasce Fontana - apesar de seus 142 anos, experimenta uma fase de pleno vigor - com juvenil entusiasmo amparado na experiência de quase um século e meio de existência.
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